segunda-feira, 27 de julho de 2015

DESEJADA

(Benildo Nery)

 

Nossa! Que boca mais linda
Tem aquela danadinha!
Acho que aquela gracinha
Não foi beijada ainda
Mas sua inocência finda
No dia em "q’ueu" a pegar
Nos meus braços e a beijar
Com meu beijo sedutor
Fazendo com o meu calor
O seu corpo incendiar.

Aí eu me sentirei
O ser mais feliz do mundo
Nem que dure um só segundo
Eu me realizarei
Pois o que custa eu sei
Plano sedutor traçar
Conquistar e abraçar
Quem nunca foi abraçada
E muito menos beijada
Essa eu vou encarar!

Mais se ela não cair
No meu plano sedutor
Não quiser o meu amor
Ou a ele resistir?
Ainda irei insistir
Sossegado, sem ter pressa
Pois uma gracinha dessa
Onde a beleza impera
Justifica a espera
E é isso que interessa.
 


domingo, 19 de julho de 2015

MONTANHAS

(JC Paixão)

 

Montanhas tem sua história
Contada desde o leste
Aos seus pontos norte e sul
Chegando até o oeste
Relembrando o apelido
A Suíça do Agreste.

Hora chamo município
As vezes chamo cidade
Se não for a mesma coisa
Desculpe por caridade
Pode ser força do hábito
Falo com sinceridade.

Só sei que minha Montanhas
É lugar bom de morar
Pode haver controvérsias
Ninguém pode ignorar
Mas com Montanhas em festa
Vamos é comemorar.

No dia (20) vinte de julho
Do nosso ano corrente
Dois mil e quinze é o ano
Preste atenção minha gente
Cinquenta e dois anos faz
Que Montanhas é independente.


Antes de “(63) sessenta e três”
Ano de emancipação
Montanhas já existia
É só prestar atenção
Lembrando dos ancestrais
Lá no sítio Riachão.

E os índios Paiaguá
Que numa época passada
Habitaram esse espaço
Não esqueceremos nada
Da Lagoa de Montanhas
E Lagoa das Queimadas.

Sei bem que essa cidade
Tem coisa boa e bonita
Tem cultura popular
Tem cultura erudita
É uma beleza rara
Só quem conhece acredita.

As datas memorativas
Todas são bem festejadas
Também se tem tradição
Das festas de vaquejadas
E tem belezas turísticas
Que podem ser exploradas.

Hoje esse município
Visita terras estranhas
Seja no Brasil afora
Ou pras bandas da Alemanha
Viaja através do blog
Os poetas de Montanhas.

Do nosso grande Brasil
Montanhas é um pedacinho
A população é mista
É só olhar direitinho
É um povo hospitaleiro
Trata todos com carinho.

O pai de Montanhas disse
Minha filha tome tento
Eu já sou um Pedro Velho
Vejo tudo, não invento
Segure bem sua saia
Cuidado com esse vento.

Montanhas e sua matriz
Ainda tem ligação
O cartório eleitoral
Que apura a eleição
Une os dois municípios
No dia da apuração.

Pedro Velho e Montanhas
Ainda mantem seus laços
Seja com profissionais
Seguindo os mesmos passos
Separou-se os municípios
Mas os povos dão os braços.

 



segunda-feira, 13 de julho de 2015

ABSTRATO

(Kynheo Ferreira)

 

Vale mais que o dinheiro

mais doce do que o mel

nos leva até o céu

dos bons é sempre o primeiro

da vida é o carpinteiro

princípio, meio e fim

lírio, cravo do jardim

chega sempre sorrateiro.

 

É a porta de entrada

e escape de saída

dá o sentido da vida

a mais bela caminhada

o pé firme na estrada

trilhando a felicidade

a mais bela qualidade

mas é fera indomada.

 

Transforma feio em bonito

o defeito em virtude

floresce a juventude

cria vida no atrito

inimigo no conflito

traz só a benevolência

cria nova existência

sentimento infinito.

 

tem a força do tornado

derruba qualquer barreira

ultrapassa a fronteira

libertando o degredado

em rima e prosa é cantado

vendaval de emoções

faz pulsar os corações

não deve ser contestado.

 

Bem mais lindo que a flor

mas puro que a criança

força, paz e esperança

suporta a morte e a dor

nos derrete em seu calor

mesmo sendo abstrato

sentimento mais sensato

isto sim... é o amor.




quarta-feira, 8 de julho de 2015

IRONIA DO DESTINO

(Benildo Nery)


Dos filhos de Seu Cazuza
Juninho foi sempre errado
Andava sempre encangado
Com o filho de Vanuza
Mais conhecido por Zuza
Da sua mesma “iguaia”
E ali no bairro Jandaia
E por toda região
Aprontavam de montão
Com outros da mesma laia.

Passavam o dia inteiro
De rua em rua zanzando
Só das “boas” aprontando
Feitos uns arruaceiro
Se um era presepeiro
O outro era muito mais
E junto com os demais
Tomavam cana, jogavam,
Desentendidos brigavam
Feito um bando de animais.

Conselho nenhum ouvia
Dos pais, do padre ou pastor
O que chamam professor
Pra ele nem existia
Porque o que mais valia
Na vida era curtição
Farra e badalação
Junto com sua galera
Vez em quando uma paquera
Somente pra “zuação”.

Quando o dia findava
A noite é que era bom
Aonde tivesse um som
Ligado a turminha estava
Não sei onde arrumava
Grana para tudo aquilo
Se vestir bem, com estilo
Fumar, beber, farrear
Sem nunca se aperrear
Sem trabalhar, bem tranquilo.

Aí foi inevitável
Começar a falação
Dizia Seu Valadão:
Isso é inacreditável
Como é que um imprestável
Que não faz porra nenhuma
Só vive tomando uma
Farreando noite e dia?
Certo como o gato mia
Está aprontando alguma!

Já sua mulher dizia
Como quem lhe desaponta:
Mas não é da nossa conta
Se ele curte noite e dia
Se fosse, eu me importaria
Como não, fico calada
Se ele faz coisa errada
Pra poder arrumar grana
Um dia ele vai em cana
Pra deixar de presepada!

Geraldo de Bastiana
Que era mais desbocado:
Tá saindo é com viado
Por isso tem tanta grana!
Ou num dia da semana
Ele tira pra roubar
Ou então pra enganar
Velho capenga e manco
Na maquininha do banco!
Um dia vai se lascar!

Numa rodinha formada
Em certo ponto da rua
Cada um dizia a sua:
A conversa era acirrada:
“Rapaz... eu não sei de nada!”
 “ Não tem como não, só sendo
Que droga ele tá vendendo!”
“O cara tá bem demais!”
“Cada dia ganha mais!”
“Está quase enriquecendo!”

E Juninho ia seguindo
A vida de ostentação
Sem dar nenhuma atenção
Fingia não tá ouvindo
Por esse mundão curtindo
Com seus amigos do peito
E sempre do mesmo jeito
Anos foram se passando
Maioridade chegando
Sempre a viver do malfeito.

Estando maior de idade
Tomou uma decisão
Deixou sua região
Foi morar noutra cidade
E na “informalidade”
Como sempre ele viveu
Turma nova conheceu
Seguindo a mesma trilha
Formou a sua quadrilha
No seu "negócio" cresceu.

Fez jus ao que se dizia
Sobre ele em Jandaia
Comprou casarão na praia
Festa mais festa fazia
O lucro que contraia
Com as suas armações
Investia em ações
Joias e carro de luxo
E claro enchendo o bucho
Em festejos nas mansões.

Em Jandaia se ouvia
Notícias de um tal ricaço
Que deixou o seu regaço
Mas que um dia voltaria
Pra fazer a alegria
De toda aquela gente
Distribuindo presente
Para quem lhe criticou
"Tudo bem! Já perdoou!
Apagou da sua mente!"

Passaram anos, mais anos
Quando uma segunda feira
Uma notícia ligeira
Que não estava nos planos
Foi dada pelos seus manos:
O Juninho vai chegar!
Nosso pai vai lhe pegar
Hoje no aeroporto!
Vem num caixão, está morto!
E amanhã vai enterrar!
 


quinta-feira, 2 de julho de 2015

CURTUME DE ALMAS

(Benildo Nery)


Sou um amaldiçoado
Sem pai, sem mãe, sem parente
Feito um reles indigente
Sem deixar nenhum legado
Fui nessa cova jogado
Sem direito aquela cruz
Que a fé do mundo conduz
Sem choro e sem rezador
Como o pior pecador
Que não tem direito a luz.

Junto a mim há outros tantos
Cumprindo a mesma sentença
Sentindo a indiferença
De quem não derramou prantos
E nem nos cobriu com mantos
Ou com uma veste decente
Num breve futuramente
Já nem seremos lembrados
Comentados e guardados
No coração de um somente.

Espero ser pagador
Aqui nesse vil lugar
De tudo que eu quis pecar
Quando fui um visitador
Desse mundo sem pudor
De culpado que condena
Da maldade bem serena
Camuflada em bondade
E que faz da caridade
A maior e pior pena.

Sendo assim sei ficarei
No submundo deitado
Cada um que for pecado
O seu preço pagarei
Do meu lado outros verei
Pagando o que estou pagando
Eternamente aguardando
Um facho de luz, um lume
Que nos livre do curtume
Noutro mundo acordando.


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