quinta-feira, 11 de agosto de 2016
quinta-feira, 28 de julho de 2016
DICIONÁRIO DA GENTE
(Benildo Nery)
Ai como é
criativo
Esse ser
chamado gente
Batiza e dá
nome a tudo
Que encontra
pela frente
Quando de um
não gostar
Cuida logo
de trocar
Por outro
bem diferente.
E de forma
competente
Começa a
divulgar
O tal nome
de tal coisa
Que ele
resolveu mudar
E sem nenhum
contratempo
Em muito
pouquinho tempo
Todos
começam a usar.
Sendo assim
escutar
Nesses dias
atuais
Pênis, ânus,
axila
É coisa rara
demais
Ouvir
testículos, vagina
Nomes
esperma e urina
Também não
se ouve mais.
Viraram
nomes normais
Pêia, furico
e suvaco
Em vez de
chamar testículos
Se chama
cunhão ou saco
O esperma de
gala, e urina
De mijo, e a
vagina
Xibiu, priquito
ou tabaco.
E isso é só
um taco
Pois há
vários pra mostrar
Pra você não
esquecer
Na hora que for
falar
Pegue aí uma
prancheta
Papel, lápis
ou caneta
E comece a
anotar.
Quando o
cabra vai falar
Tórax fala
titela
Se for falar
a garganta
Pronuncia a
guela
Tíbia nunca
é falada
Pois a mais
pronunciada
É a palavra
canela.
Quando o
cabra leva aquela
Pancada no seu
nariz
Ele reclama
da dor
E logo em
seguida diz:
“Brincadeira
mais nojenta
Torasse meu
pau das venta
Saí pra lá,
oh infeliz!”
E se esse
infeliz
Tem a munheca
de aço
Dá na boca
do estambo
Ou por trás
no espinhaço
E se ele reclamar
É certeza de
levar
Mão por cima
do cachaço.
Aí não se
tem abraço
Só arenga e
baxaria
Soco na taba
do queixo
Vários chutes
nas viria
Zoi, zurêia
tome mão
Pense numa
confusão
Para encerrar
a poesia!
segunda-feira, 18 de julho de 2016
VIDA COMPRIDA
(JC Paixão)
Agradeço ao meu senhor
Por toda vida vivida
Que ao longo desse tempo
Que trago na minha vida
Muita coisa sei que vi
Outras eu também vivi
Na minha missão cumprida.
Já apresento cansaço
As vezes quero morrer
Porque uma vida longa
Confesso para você
Pode não ser por maldade
Mas só aumenta a saudade
De quem muito assim viver.
Saudade sinto saudade
De tanta coisa passada
Do meu tempo de criança
Também da rapaziada
Das festas, das brincadeiras
Das conversinhas nas feiras
Êita saudade malvada.
Sinto saudade também
Do meu banho de riacho
De colher fruta madura
Ainda pegada no cacho
Da montaria a cavalo
De ralar milho no ralo
E roer bem muito o tacho.
Como era divertido
O trabalho na fazenda
Toda aquela cabroeira
Indo pro pé da moenda
Pegar cedo no batente
As vezes triste ou contente
Se arranchava na tenda.
Do casamento vivido
Eu trago boas lembranças
No dia do matrimonio
Houve uma grande festança
Tinha sim muita comida
E também muita bebida
Diversão com muita dança.
Depois veio a criançada
Tinha menino e menina
Para mais de uma dúzia
Era uma coisa divina
Família de muitos filhos
Pra todos andar nos trilhos
Pura regra nordestina.
Como o tempo foi passando
A família foi crescendo
Veio netos e bisnetos
Cada vez gente nascendo
Mas no meio a alegria
A tristeza aparecia
Quando vi gente morrendo.
É um sofrimento grande
É uma tristeza sem fim
Vê a morte de um filho
Pense numa coisa ruim
Dá adeus a um parente
Gente que é minha gente
Um pedacinho de mim.
Mais se a vida continua
O que foi ficou pra traz
Mesmo que a gente lembre
O que foi não volta mais
A gente guarda na mente
E vez por outra se sente
Indefeso e incapaz.
Sempre vivi no Nordeste
Pela seca castigado
Eu vi o mato morrendo
Tudo seco esturricado
Se perdendo a plantação
Por falta d’água no chão
Também vi morrendo o gado.
Vi muita gente arribando
Do sertão ao litoral
Migrando junto à pobreza
Se mudando de local
Implorando pela sorte
Para se livrar da morte
Um sofrimento total.
Também vi muita bonança
Por toda essa redondeza
Trazida por muita chuva
Lago enche que beleza
A terra toda molhada
Que coisa boa danada
Como é bela a natureza.
Agora o mato verde
Pros animais tem comida
O que plantar tem colheita
Tem fartura adquirida
Com sertanejo em regresso
Cantando e fazendo verso
Fé já restabelecida.
Eu vi chegar o progresso
Trazendo muita esperança
Enricando mais os ricos
Que aumenta a poupança
E o trabalhador coitado
Contente mas explorado
Iludido na ganança.
Com o avanço eu confesso
Muita coisa melhorou
A chegada de energia
Grande lacuna sarou
Trouxe tecnologia
Atrasada ou tardia
Se demorou mais chegou.
Na lembrança inda guardo
Minha escola primeira
Era uma casa velha
Com a porta de madeira
Tudo era improvisado
O quadro mal apregado
Também faltava carteira.
E pra levar o caderno
Lá de casa pra escola
Não era em bolsa chique
Era dentro de sacola
E uns colegas dizendo
Tá mesmo é parecendo
Que tu tá pedindo esmola.
Mais como ainda vivo
Vi muita coisa mudar
A minha primeira escola
Hoje não está mais lá
Tem uma melhor, distante
Mais tem ônibus pra estudante
Basta querer estudar.
Tenho viva na memória
Passagens não esquecida
De tempos bons e felizes
Também de coisa sofrida
De tudo já vi um pouco
Nesse Brasil de caboco
Numa vida bem comprida.
Assinar:
Postagens (Atom)