sábado, 22 de novembro de 2014

"QUEM INSPIRA FALSIDADE/SÓ TRANSPIRA FINGIMENTO"

(Benildo Nery)

Mote: Silvano Lyra - O Poetizante


Dá pra ver no seu olhar
No seu jeito de agir
Que você quis me trair
Com minha vida chacoalhar
E depois de embaralhar
Meu amor, meu sentimento
Sem nenhum constrangimento
Diz pra mim: ‘Não foi maldade!’
“Quem inspira falsidade
Só transpira fingimento.”

Eu lhe dei o meu amor
Meu carinho e atenção
Te entreguei meu coração
Só recebi desamor
Com seu ato traidor
Fez minha vida um tormento
Mas nesse dado momento
Descobri toda verdade
“Quem inspira falsidade
Só transpira fingimento.”

Seu beijo pouco estalado
A sua falinha mansa
Seu brincar que logo cansa
Seu corpo pouco colado
Era um sinal bem dado
E eu todo desatento
Fui um grande excremento
Dessa sua crueldade
“Quem inspira falsidade
Só transpira fingimento.”

Lhe  quero longe de mim
Distante, mas bem distante
A sua índole farsante
Destila o que há de ruim
Comparo ao de Caim
Esse seu comportamento
Ser desprezível e nojento
Zero em honra e qualidade
“Quem inspira falsidade
Só transpira fingimento.”

Saiba que entre os mortais
Pra mim você está morta
Por ter uma vida torta
Não quero vê-la jamais
Não volte aqui nunca mais
Do seu mal estou isento
Vai com o seu amor cinzento
Pra o céu da calamidade!
“Quem inspira falsidade
Só transpira fingimento.”


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O MELHOR DA POESIA MUSICADA, CANTADA E DECLAMADA

Quem gosta de curtir o melhor da poesia musicada, cantada e/ou declamada, além de muitos causos e piadas agora tem opção. Chegou a Web Rádio MONTANHAS DE POESIA - A rádio dos Poetas de Montanhas.


BESTEROL

(Kynheo Ferreira)


Perguntei, quem me responde

Sem a língua vacilar?

Vou perguntar a Mistém

Será que a linha do trem

Serve para costurar? 

 

Indaguei a Leovaldo

Ele não quis responder

Esse foi o indagado

Será que o super mercado

Possui um super poder?


Benildo estava falando

Nós vamos analisar

Tô indeciso não nego

Será que o macaco prego

É caibrá ou é ripá? 


Conversando com Zé Dias

Virou um balaco baco

Eu perguntava José

Será que o capim guiné

Só sabe cantar tô fraco?


Falava Marcos Teixeira

Juro pelo pai do céu

Tem coisa que me atrapalha

Será que a batata palha

Presta pra fazer chapéu?


Eu vi JC Paixão

De cabelos ouriçados

Falava como açoite

Será que a boca da noite

Tem os dentes escovados?


Me disse Ramos Varela

Eu fiz uma pirueta

Pensei uma coisa louca

Será que o céu da boca

Tem estrela e cometa?




segunda-feira, 10 de novembro de 2014

MARTELO PERGUNTADO

(Juca Santos)

Pra testar no martelo seu talento,
Me responda quem foi aleijadinho?
Qual a arte deixada em seu caminho?
Me responda qual era seu invento.
E quem foi Tiradentes a contento?
Como conta a história da nação.
Quem agora perdeu a eleição?
Começando pelo seu próprio estado,
Perguntei em martelo agalopado,
E quem pergunta em martelo é campeão.

Eu revelo em fontes documentais
Que escreveram sobre os inconfidentes,
Enforcaram o alferes Tiradentes
Mas, o aleijadinho fez bem mais.
Grande artista lá das Minas Gerais
Que esculpia bem em pedra sabão.
O Aécio foi grande vacilão
Que pra Dilma perdeu, foi derrotado.
Respondi em martelo agalopado
E quem responde em martelo é campeão.

Me responda se for inteligente,
Um país atacado por ebola,
Quantas cordas tem na minha viola,
E por que no sudeste é diferente?
Quantos graus tem numa boa aguardente?
Quantas rodas se põem num caminhão?
Sem contar engrenagem, ou direção,
Conte só as do chão e bem contado,
Me responda em martelo agalopado
Quem responde martelo é campeão.

O ebola atingiu a Nigéria
E em Serra Leoa fez estrago,
E no sudeste a viola sem embargo,
Tem dez cordas, minha resposta é séria.
Já a sua viola, sem pilhéria,
Só tem oito ou nove com bordão.
Com seis rodas se monta um caminhão,
Cinquenta graus a “Rainha” fez reinado.
Respondi em martelo agalopado,
E quem responde em martelo é campeão.

Me responda, pois da história é parte,
Se não sabe, pare, fique a vontade.
Dois artistas com sobrenome Andrade
Que figuram na “Semana de Arte”
Como foi divulgado esse encarte?
Qual o nome, preste bem atenção,
Quando foi este evento? Sabe? Ou não?
Se não sabe, então fique calado.
Perguntei em martelo agalopado,
Quem pergunta em martelo é campeão.

Te respondo, não deixo pra depois.
Se errar ainda perco meu salário.
Um Oswaldo. O outro artista é Mário.
Foi em mil, novecentos e vinte e dois.
Esses e muitos artistas, pois,
Fizeram na arte revolução,
Veio à tona o povo da nação,
O país na arte modernizado.
Respondi em martelo agalopado,
Quem responde em martelo é campeão.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O EU POÉTICO

(Benildo Nery)


Só porque falo de amor
Não diz que sou amoroso
Também não sou rancoroso
Só porque falo em rancor
Muito menos sonhador
Só porque falo de sonho
Também nunca fui tristonho
Quando falei de tristeza
Quando falo de beleza
O que ela é só suponho.

Falo sempre em paixão
Sem estar apaixonado
Sem de ninguém ter cuidado
Eu falo em compaixão
Já falei de confissão
Mesmo sem nunca pecar
E mesmo sem despencar
Disse que caí da serra
Sem nunca ter ido à guerra
Já quis morrer e matar.

Sem nunca ser andarilho
Falei em muito andar
Sem nem mulher apertar
Já falei em espartilho
E até sem ser caudilho
Ditador eu já quis ser
Disse que é bom correr
Sem nunca eu ter corrido
Já disse estar escondido
Sem nunca me esconder.

Sem ter sido desejado
Sempre falo em tesão
Falo em enrolação
Sem nunca ter enrolado
Falo em beijo bem dado
Sem nunca língua chupar
Sempre quero antecipar
O que há tempo começou
Aponto pra quem errou
Sendo o primeiro a errar.

Critico a lentidão
Mesmo sendo o mais lento
Digo que tenho talento
Sem nenhuma aptidão
Trato como imensidão
Uma coisa bem amena
Uma chuvinha serena
Digo que é temporal
Me apresento como o tal
Mas com imagem pequena.

Não sou chegado à política
Mas bebo desse veneno
Corrupção eu condeno
Mas de forma casuística
Meto o pau e faço crítica
Mas gosto ser convidado
Pelo corrupto citado
Na minha declamação
Brigado de coração
Outra vez muito obrigado!


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O MEU CASAMENTO COM MARIQUINHA

(Benildo Nery)


Me casei com Mariquinha
Uma rosa de pessoa
Modesta, bastante simples,
Caridosa, gente boa!
Que danada mais bonita!
Na sina ela estava inscrita
Pra ser a minha patroa.

Nesse tempo eu morava
Lá no Sítio Riachão
Um lugar muito distante
Dessa civilização
Lugarzinho bom de morar
Não tenho o que reclamar
Daquele rico rincão!

Mariquinha também era
Da mesma localidade
Do mesmo jeito que eu
Vinha pouco na cidade
Só vivia trabalhando
Das suas coisas cuidando
Uma mulher de verdade!

Não gostava de fofoca
E menos de conversinha
Dificilmente se via
Ela em casa de vizinha
Só se houvesse precisão
Que ela procurava então
Qualquer pequena ajudinha.

Odiava palavrão
Xingamento e baixaria
Arenga e discursão
Pra ela não existia
A isso ela não se dava
Porque onde nós morava
Em paz sempre se vivia.

Nunca fez questão de ter
Aparelho celular
Ia ao encontro de alguém
Quando algo ia tratar
Tablet, computador
Ela podia senhor
Mas não pensava em comprar.

Nos conhecemos na roça
Em uma “empeleitada”
O seu pai sempre fez uso
De mão de obra alugada
Como disso é que eu vivia
Meu serviço oferecia
Topava qualquer parada.

Ela dava assistência
No campo de plantação
E por ser tão linda e bela
Chamava muito atenção
Olhadinhas disfarçadas
Meio com tons de cantadas
Por parte dos marmanjão.

Quando eu vi aquela moça
Com a pele de cor morena
Cabelos longos e feição
Suavemente serena
Senti no meu coração
Grande aceleração
Uma arritmia plena

O sol brilhava e exibia
Sua silhueta bela
Que nos meus anos de vida
Nunca vi igual aquela
O fino se misturava
Com o grosso onde trabalhava
Uma cena de novela.

Aí não contei história
Lhe fiz uma investida
Fiquei sabendo seu nome
Se era ou não comprometida
Quando ouvi o seu não
De novo o meu coração
Acelerou a batida.

Quando foi chegada a hora
Voltei lá para o meu eito
Terminado fui pra casa
Banho; comi fui pro leito
Não parei de pensar nela
Pois via que eu com e ela
Formava um par perfeito.

Continuei a investir
Na iniciada paixão
No campo quando eu a via
Fazia aproximação
Elogiava seu jeito
Sem lhe faltar com respeito
E com muita educação.

Perguntei um dia a ela:
Você me quer como amigo?
Com um toque de “afoitice”
Namoraria comigo?
Ela disse: “ai, ai, ai...
Se você falar com pai
Aí depois eu lhe digo!”

Dia seguinte disposto
Uma decisão tomei
Fiz ao seu pai o pedido
Sua casa frequentei
Pouco tempo de noivado
Naquele ano findado
Com ela eu me casei.

Ai que dia especial!
Que festa boa danada!
Comida, muito forró
Debaixo de uma latada
Bebida tinha bastante:
Cachaça, vinho, espumante,
Muita cerveja gelada.

Fomos morar ali mesmo
Perto dos nossos parente
Em uma casinha humilde
Com um alpendre na frente
Do jeito que nós sonhamos
Uns detalhes adequamos
Ficou com a cara da gente.

Arrumamos a mobília
Tudo o que a gente ganhou
Uma parte que comprei
Outra que ela comprou
Inda faltava um bocado
Mas para um recém-casado
Uma beleza ficou.

Mantivemos a rotina
Da nossa vida rural
Dormir cedo, acordar cedo
Coisa que era natural
Trabalhar o dia inteiro
Ela lidando ao caseiro
E eu no trabalho braçal.

Com dois anos de casados
Tudo tinha melhorado
Uns animais no curral
Que a gente tinha comprado
Eu que nunca fui de farra
Trabalhei com muita garra
Até sair do alugado.

Um filho de um aninho
Complementava o lar
Uma Honda bem novinha
Já tinha pra passear
E pra outras necessidade
Como ir para a cidade
Quando de algo precisar.

No começo ela estranhou
E agiu com resistência:
- Não quero pilotar moto!
Eu não tenho paciência!
Depois de eu muito insistir
Acabou por decidir
Fazer uma experiência.

Bastou umas três aulinhas
Já estava desenrolada
Pra resolver qualquer coisa
Pegava logo a estrada
Toda “ancha” ela saia
Em todo canto se via
Ela na moto montada.

E foi aí meu patrão
Que começou o desando
Nessas viagens de moto
Acabou se acostumando
Não parava mais em casa
A danada criou asa
Só vivia passeando.

Eu saia para a lida
E ela em casa ficava
Mais ou menos onze horas
Quando pra casa eu voltava
Era Juninho largado
Tudo, tudo revirado
Nem o rango pronto estava.

Com umas certas vizinhas
Arrumou logo amizade
Vez em quando era vista
Andando pela cidade
Comprou até celular
Abandonou nosso lar
E caiu na vaidade.

Nas horas que estava em casa
Não ligava mais pra mim
Eu ensaiava um chamego
Dizia não estar afim
Com um diabo de um celular
Agarrada a cutucar
Só vendo como era ruim!

Eu nunca tive a certeza
Mas acho que ela estava
Com um caso com alguém
Pois a me ver disfarçava
Falava com muita pressa
Adiava a conversa
E o celular desligava.

Adotou um conversero
Com recheio de palavrão:
Eita porra! Eita caralho!
Que cara mais babacão!
Isso é um misera frouxo!
Num aguenta um arrocho,
“Sé” marido pra ladrão!

Que mudança radical
Deu-se com a Mariquinha
Aquela que sempre foi
A outra metade minha
Estava toda virada
De vida desmantelada
Baita de uma mulherzinha.

Eu juro que não entendo
O que foi que aconteceu
Fico buscando um culpado
O que danado se deu?
Depois da reflexão
Cheguei a uma conclusão:
O culpado não fui eu!

Então de quem foi a culpa?
Voltei a me perguntar
Acho que aquela mulher
Que levei para o altar
Também não foi a culpada
A culpa foi da danada
Da moto e do celular.

Depois disso meu patrão
O casamento se desfez
Digo não me arrependi
Casaria outra vez
Para esquecer daquela
A quem me dei todo a ela
Num ato de estupidez.

Aliás... tô de paquera
Com alguém deste lugar
Mas desta vez vou com calma
Não quero me adiantar
Vou namorar por mais tempo
Pra não haver contratempo
Se eu chegar a me casar.


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