sexta-feira, 23 de outubro de 2015

ESQUENTANDO A ELEIÇÃO

(Benildo Nery)

 
Eu sempre fui um sujeito
Bem centrado no que faz
Por isso que fui capaz
De hoje viver satisfeito
Sei também tenho defeito
Afinal quem que não tem
Mas nunca pisei ninguém
Pra chegar onde cheguei
Onde pude respeitei
Trato todos muito bem.

Mas isso não faz de mim
Nenhum saco de pancada
Viver levando paulada
De traíra e gente ruim
Quem me tratar mal assim
Cedo ou tarde tem o troco
Sendo “santo do pau oco”
Todos sabem como é
Com os pés dou ponta pé
E com as mãos encho de soco.

Outro dia eu conversava
Sobre o tema eleição
Sem dar muita atenção
Pra quem por perto estava
Afinal só importava
Pra mim naquele momento
Era só o argumento
De quem estava comigo
De certo um grande amigo
De grande conhecimento.

Falamos sobre as campanhas
Passadas e atuais
Não só daqui outras mais
Além de nossa Montanhas
Pontuamos artimanhas
Arranjos articulados
Dos votantes e dos votados
Dos vencedores, dos pleitos
Governadores, prefeitos
Senadores, deputados.


Até eleição do tal
De conselho tutelar
Nós tratamos de tratar
Dando um valor igual
De um pleito qualquer normal
Com candidato e votante
Apoiado e apoiante
Disputa de voto a voto
Onde cinco entram na foto
E o perdedor bem distante.

Sempre com muita destreza
Da parte dele e da minha
Vez em quando uma latinha
De cerveja sobre a mesa
Afinal nossa fineza
Política prevalecia
Cada gole que descia
Descia suavemente
Aguçava a nossa mente
Tudo simples parecia.

Comentamos suas obras
Suas realizações
As várias ocasiões
Suas faltas, suas sobras
Todas as suas manobras
Para as contas baterem
E opositores não terem
Motivos pra reclamar
Eleitores os amar
Com bons olhos sempre os verem.

Mas a coisa esquentou
Quando alguém que estava ao lado
Ouvindo tudo, ligado
Do seu canto levantou
Perto da gente encostou
E foi dizendo assim:
“Saibam que os dois pra mim
De política tão por fora
Dois puxa sacos caipora
Politiqueiros chinfrim.
  
Vocês ficam ai falando
Umas coisas sem futuro
Um fica em cima do muro
E outro fica chamando
Já já um está pulando
Para o lado de lá
E o outro vem pra cá
Com essa cara lavada
Que não vale uma porrada
Mesmo assim tá aqui quem dá!”

Aí eu me levantei
E falei: ó meu irmão
Aqui não te cabe não
Na conversa não chamei
Queres confusão eu sei
Mas isso tu não vai ter
Se afasta e vai ver
Se deixa a gente em paz!
Te orienta rapaz!
Veja onde vai se meter!

E ele continuou
Com aquele papo chato
Cheio de espalhafato
Que a gente se irritou
Meu amigo se armou
E mandou-lhe um direto
Que o cabra bateu no teto
Caiu quase se apagando
Levantou cambaleando
E sentou num canto quieto.

Ainda quis esboçar
Uma certa reação
Meu amigo encheu a mão
Para o intimidar
E para não apanhar
De novo deu um frecheiro
Encontrando bem ligeiro
A saída da taberna
Com o rabinho entre as perna
Feito um cachorro fuleiro.

Eu não sou de violência
Não gosto de agressão
Mas aquele bobalhão
Tirou nossa paciência
E com toda competência
Recebeu um corretivo
Certo foi muito agressivo
Mas sei foi bem merecido
Espero ter aprendido
Pra isso que ficou vivo.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

GUIA PRÁTICO DE UM BABÃO

(Benildo Nery)

 

Pra você ser um sujeito
Do tipo bem afamado
Frequentar só lugar chique
Ser sempre requisitado
Dificuldade tem não
Basta só virar babão
Que terá bom resultado.

Tem que ser determinado
Primeiro lugar que tudo
Vergonha não pode ter
Tem que ser firme e raçudo
Ser fiel bajulador
Não chorar mesmo com dor
Do cortejado o escudo.

Nunca pode ficar mudo
Quando o papo é defender
Ofereça a cara a tapa
Se alguém cismar bater
Na cara do escolhido
Pode até sair ferido
Mas aja assim com prazer!

O escolhido pode ser
Qualquer pessoa bacana
Que você o ver bem pouco
Só nos finais de semana
Mas como é endinheirado
Se sinta lisonjeado
Com uma dose de cana.

Sem nem piscar a pestana
Pode elogios rasgar:
“Só sendo um patrão forte
Pra na mesa me aceitar!
Poço de boa vontade
Esse sim tem qualidade
E ninguém pode negar!

Depois busque sempre estar
Aonde ele estiver
Se ele estiver sozinho
Com a família e a mulher
Jogue de lado o receio
Se soque ali no meio
Mesmo se não lhe couber.

Ai se chance tiver
Não fique parado a toa
Conte logo uma piada
Uma fofoca da boa
Fale de coisas do mundo
Num papo franco e profundo
Se souber, faça uma loa!

Mostre ser boa pessoa
Muito mais que o normal
Busque isso, faça aquilo
Dê uma de serviçal
Que ao verem a sua bonança
Ganhará a confiança
De uma forma especial.

Aja de forma igual
Pra sua esposa entrosar
Com a esposa do fulano
Pra acabar de completar
Vá seguindo o mesmo trilho
Incentive o seu filho
Para com o dele brincar.

Se esse fulano trilhar
No caminho da política
Será inadmissível
Alguém fazer uma crítica
Diga que é mentira, negue
Ao falador não se entregue
Use a tática antiofídica!

Entre para a estatística
De quem arregaça a manga
Que lidera o apoio
Que age feito um “capanga”
Que nunca se esquece disso:
Honrar o seu compromisso
Mesmo só por bugiganga.

De quem nunquinha se zanga
Por estar sendo exigido
Já que o que mais interessa
É o compromisso cumprido
De uma forma bem fiel
E a certeza que o papel
Sempre é bem desenvolvido.

Esteja sempre provido
De grande disposição
Ao chegar a temporada
De pleito, de eleição
Vários papéis logo assuma
Faça serviço de ruma
Mostre qual sua função.

Faça a preparação
De tudo que precisar
Pra festa da passeata
Muito bonita ficar
Botons, santinhos, bandeira,
Faça tudo na carreira
Para impressionar.

Corra pra ornamentar
O caminhão do palanque
Sempre tem outros babões
Mas seja forte, não manque
Não precisa querer mal
Mas pra ser o principal
Seja firme e os desbanque!

Depois com força de um tanque
Se mostre o mais notório
Receba as autoridades
Assuma o refeitório
Sirva água, cafezinho
Sem ninguém, faça sozinho!
O que for de adjuntório.

Na hora do foguetório
Você deve estar presente
Com várias caixas na mão
Um cigarro ou brasa quente
Pra fazer grande zoada
Pra rua ficar lotada
De e eleitores, de gente.

Se destaque lá na frente
Na hora da passeata
Fale que tem gasolina
Em dia de carreata
O que é nó desembaralhe
Não esqueça um só detalhe
Segure essa batata!

Se prepare pra bravata
No dia da votação
Assuma que está em guerra
Com quem for oposição
Pode até arengar
Pois o que vale é ganhar
A referida eleição

Mas se for decepção
A peste do resultado
Aja como todo o grupo
Xingue, fique revoltado
Só que nunquinha se renda
Se agarre em sua prenda
Deixe-o bem escoltado.

Permaneça do seu lado
Firme no acompanhar
Se ele for com a família
Para a praia descansar
Ou pra tentar se esconder
Você sabe o que fazer
Vá lá com ele pescar!
 

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

DEU A LOUCA NA DIREITA

(Benildo Nery)


Ela sempre dominou
A política do passado
Reclamação não havia
Tudo era bem arranjado
Resultado marcadinho
Opositor amiguinho
Era sempre o derrotado.

Depois do pleito findado
Voltava à normalidade
Cargo a um e a outro
Sem valer capacidade
“Não recebeu um ofício?
Tome aqui seu benefício
Preserve nossa ‘amizade’!”

Numa ou noutra cidade.
Ganhava a oposição
“Ouve fraude eleitores
Não valeu a votação!
A justiça apurou
E o juiz despachou
Tá feita a anulação!”

Desde a colonização
Assim que o poder se dava
Câmaras Municipais
Ao povo representava
Formada por homens-bons
Conduzia nos seus tons
A vila que governava.

Quando a caminho trilhava
Passos da independência
Os mesmos tais homens-bons
Demonstrando a competência
Que tinham pra governar
Cuidaram de apoiar
Pedro em tal diligência.
  
A mesma “benevolência”
Nos palcos republicanos
Apoiaram a monarquia
Depois mudaram os planos
Dos coronéis ao Varguismo
Em meio ao militarismo
Governo, os mesmos fulanos.

Os personagens mundanos
Podre em terras lusitanas
De lá foram escorraçados
Posaram aqui de bacanas
Gerações da roubalheira
Que levaram a vida inteira
Nessas armações sacanas.

Para o povão só bananas
Farpas e restos de tudo
E este sempre parado
Agindo tal surdo e mudo
Sustentado a água e pão
Sem nenhuma proteção
Sem amparo, sem escudo.

Finalmente em tom agudo
Os menos favorecidos
Aos poucos vão protestando
Ficam menos reprimidos
No campo e na cidade
Cobram oportunidade
Seguros, bem decididos.

Um tanto “desprevenidos”
Homens-bons tomam lapada
A esquerda do povão
Que nunca ganhava nada
Faz desse grupo fregueses
Subindo por quatro vezes
O Palácio da Alvorada.

Oportunidade dada
Aos que durante a história
Levaram uma vida dura
Sem sucesso, vida inglória
De galgar novo horizonte
De brilhar alto, no monte
De uma nova trajetória.

E vendo essa vitória
Do povão sempre explorado
A direita ficou pasma
Por não ter acreditado
Que todo seu artifício
Usado desde o inicio
Tinha sido copiado.

Com o jogo “equilibrado”
Campanha passa a ser feita
Usando os mesmos recursos
Seguindo a mesma receita:
Honestidade, bem pouca
E isso tem deixado louca
A poderosa direita.
 


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