segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

REFLEXIONANDO

(Benildo Nery)


Hoje acordei bem cedinho
Vi o Sol quando raiou
Ao longe ouvi, ecoou
O cantar de um passarinho
Fiquei falando sozinho
Com meus botões conversando
Bem além observando
Do mundo a vasta beleza
Como a mãe natureza
Vive me presenteando!

Vi a mata e o seu verdume
Com a luz do Sol contrastar
Vi a fonte água jorrar
Da montanha, lá do cume
Aos poucos ouvi o volume
Do dia se avolumando
Bichos indo, outros chegando
Pra aproveitar a clareza
Como a mãe natureza
Vive me presenteando!

Os galos cantarolaram
Belo canto matinal
Outros sons lá no quintal
Aos cantos se misturaram
Os perus grugulejaram
Berros, os patos grasnando
Latidos, gatos miando
Guiné com sua fraqueza
Como a mãe natureza
Vive me presenteando!

Um pouco mais adiante
Uma vaca é ordenhada
A vasilha carregada
De leite branco, espumante
Que bondade, a lactante
Seu filhote amamentando
E aquilo que vai sobrando
Me doa, mas que nobreza!
Como a mãe natureza
Vive nos presenteando!

Vi o roçado do lado
No terreno de um vizinho
Que trabalha ali sozinho
De sol a sol um bocado
Mas sempre recompensado
A chuva vai aguando
E a terra vai lhe dando
Fartura na sua mesa
Como a mãe natureza
Vive me presenteando!

Passei lá para o jardim
Para apreciar as flores
Seus perfumes, seus odores
Violeta e alecrim,
Rosas, girassóis, jasmim
E os colibris a beijando
Com as asas tremulando
Numa estupenda leveza
Como a mãe natureza
Vive me presenteando!

Vi insetos coloridos
A voar pra todo lado
Pelo chão no seu traçado
Caminho certo ou perdidos
Dentre os mais percebidos
As abelhas trabalhando
Todo o néctar coletando
Pra servir a realeza
Como a mãe natureza
Vive me presenteando!

Sentei ali num banquinho
A pensar continuei
Novamente a mim falei:
Como sou pequenininho
Recebo tanto carinho
E eu pouco me lixando
Às vezes até destratando
Com tamanha malvadeza
Assim a mãe natureza
Acaba me desprezando!

Lá embaixo no açude
Tomo banho todo dia
A mulher com a bacia
Lava roupa, tira o grude
E a minha atitude
Ao invés de estar zelando
Estou sim, mas é sujando
O enchendo de impureza
Assim a mãe natureza
Acaba me desprezando!

Árvores que deram fruto
Foram por mim derrubadas
E em lenha transformadas
E o pior, nem usei luto
Pensei que era astuto
Mas cá comigo pensando
Estou é me transformando
Num assassino com frieza
Assim a mãe natureza
Acaba me desprezando!

Quantos bichos já matei
Sem haver necessidade?
Pra suprir a vaidade
Quantos aprisionei?
Qual foi meu lucro? Não sei!
Não sei se estou lucrando
Só sei que estou desdenhando
Da Terra a vasta riqueza
Assim a mãe natureza
Acaba me desprezando!

Me levantei de repente
Como quem leva um susto
Pensando assim: pra ser justo
Um sujeito altamente
Basta só daqui pra frente
Os meus hábitos ir mudando
A consciência escutando
Será tudo uma beleza
Assim a mãe natureza
Acaba me perdoando!

Replantar, reconstruir
Libertar, repovoar
Nascentes, rios limpar
E nunca mais poluir
Esquecer o destruir
Em construir se lembrando
Pra seguir aproveitando
Do mundo a vasta beleza
Assim a mãe natureza
Me que com ela morando!


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A MUSA DA MINHA RUA - PARTE II

(Benildo Nery)


Basta vê-la ali passar
Que me encho de alegria
Sinto a maior euforia
O corpo a incendiar
O seu jeito de andar
Desperta em mim a paixão
E faz do meu coração
Uma bomba acelerada
Estou certo, essa danada
De mim não tem compaixão.

Se tivesse não faria
Presepada assim comigo
Não me daria o castigo
Passando ali todo dia
Com tanta acrobacia
Com tanta “bundalidade”
Digo com sinceridade:
Não estou mais aguentando
Ela está me matando
Pode crer que é verdade!

Tremo nas bases em ver
Sua forma avantajada
Em roupa bem decotada
Não dá para me conter!
Serio, tento me manter
Tranquilo, mas não consigo!
Com os meus olhos a sigo
Durante o seu percurso
Pois não resta outro recurso
É ou não é um castigo?

Dá um oi, aceno faz
Tipo assim: me provocando
Percebe que estou olhando
Aí que rebola mais
As minhas cordas vocais
Travam não produzem nada
Esboço uma gaguejada
Mas me falta todo ar
Não consigo respirar
Por causa dessa malvada.

Ontem ela estreou
Um belo de um shortinho
Pense num short curtinho!
Em minha frente passou
Meu coração disparou
Alterou a pulsação
Senti uma sensação
Que ele batia atoa
Sua válvula quase voa
Quase que vou pro caixão.

Tem nada não, Deus tá vendo
O quanto ela me maltrata!
Sei que um dia essa acrobata
Paga o que está me devendo
Até lá eu vou vivendo
Provando do seu castigo
Correndo todo perigo
Que eu tenho que correr
Mas um dia quero ter
Essa musa aqui comigo.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

A ESTIAGEM SECA

(JC Paixão)


Olho pra cima e não vejo
Nenhuma nuvem passando
O céu tá claro demais
Vejo só o Sol brilhando
Imponente e solitário
E o solo se rachando.

Dependendo horário
Vejo as estrelas e a Lua
Nenhuma brisa fresquinha
Na certeza nua e crua
Que se a chuva não vim
A tristeza continua.

Já estou acreditando
Que minha chuva não vem
Apesar do desespero
Esperança ainda tem
Mais ela tá se acabando
E minha vida também.

Sempre teve no Brasil
Seca, mesmo que num preste
Uns brasileiros falavam
Chamando outros de peste
A seca né do Brasil
Essa seca é do Nordeste.

A seca atualmente
É problema brasileiro
Falta água em São Paulo,
Em Minas e Rio de Janeiro
Problema no Centro-Sul
É problema verdadeiro.

Para o “Brasil” o Nordeste
Só é seco e atrasado
Cheio de gente pedinte
Maltrapilho e esfomeado
Que no período da seca
São chamados flagelados.

E agora o que dizer
Com a seca no Sudeste
Será que lá tem flagelo
Ou é somente um teste
Pra ver se o povo sabido
Com zanga vá e proteste.

Aparecem as teorias
Isso tem explicação
A Floresta Amazônica
Sofrendo devastação
E agora o resultado
É a grande sequidão.

Parece até que São Paulo
Tá todo arborizado
As florestas tão intactas
E o ar purificado
A culpa de sua seca
Se deve a outro estado.

A seca é do Nordeste
Um problema natural
No Norte o descontrole
Com a área florestal
Tá causando ao Sudeste
Um desconforto total.

A floresta é derrubada
Pra dá lugar ao progresso
Que é o agronegócio
Ou projeto de sucesso
Para se ter superávit
E evitar retrocesso.

Ai vemos que é verdade
Os recordes são batidos
Aumenta-se a produção
Dos produtos produzidos
Tudo para exportação
Onde isso é vendido.

Programas tele visíveis
Só ostentam o poder
Daquilo que tá na moda
Pra todo mundo querer
Muito embora não tenha
As condições de fazer.

Famosos faz propaganda
Preserve o meio ambiente
O povo pobre assim diz
O rico é consciente
Deixa que o rico polui
Usando a cota da gente.

Artista faz uma campanha
De material reciclado
O resto de sua vida
Anda de carro importado
Vestindo pele de bicho
Esse é o resultado.

Hoje muitos brasileiros
Sofrem com água faltando
Gastam assim pouca água
Ficam economizando
Mais é por obrigação
Não se “conscientizando”.

Os recordes também são
Dos destroços naturais
As secas são mais intensas
Com escalas anormais
E quando a chuva vem
Causam grandes temporais.

Mesmo a chuva quando vem
Não resolve o problema
Chove um período curto
Continua o dilema
Se não chover nas nascentes
A falta d’água é o lema.

As temperaturas aumentam
É uma quentura danada
Todo mundo se aperreia
Já sem puder fazer nada
Economiza energia
E a água encanada.

E as previsões demonstram
Que tá tudo piorando
A cada ano os problemas
Do ambiente aumentando
A ganja de toda gente
A Terra é quem tá pagando.

Se a Terra fraquejar
Com ela fraqueja a vida
De todos os seres vivos
Gente simples ou metida
Não culpem a natureza
Mas gente “burra ou sabida”.


Mas o que o povo quer
É esbanjar a riqueza
Quem mora na área nobre
Bem distante da pobreza
Só pensa no ouro verde
Que não é a natureza.

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