sexta-feira, 28 de agosto de 2015

LENDAS DE CANGUARETAMA

(JC Paixão)


Falando em Canguaretama
Preste atenção e entenda
Existe a sua história
É bom que o povo aprenda
Mas também tem as estórias
Que se conhece por lenda.

Por se falar de estória
Envolvendo a igreja
Dizem que uma coruja
A noite sempre corteja
Rasgando o céu noturno
É possível que se veja.

Durante o dia a coruja
Dentro da igreja se encanta
Pode ser perto do altar
Ali pertinho da santa
De noite ela aparece
E muita gente se espanta.

Chamada rasga mortalha
Por causa do canto forte
O canto de mau agouro
Parece sinal de morte
O cabra que não tem medo
Precisa ser muito forte.

Também sobre a Matriz
Tem uma lenda contada
Que embaixo dessa igreja
Escute bem camarada
Existiria dormindo
Uma baleia encantada.

Diz a lenda da baleia
Com muita convicção
Que ela despertaria
Do sono de ilusão
Se retirassem do altar
Nossa Senhora da Conceição.

Dizem às pessoas que sentem
Haver pequenos tremores
Próximo ali da matriz
Assim contam os atores
Que a baleia se mexe
Incomodada com dores.

Em dia silencioso
É só prestar atenção
Chegar perto do altar
E se ajoelhar no chão
Para escutar da baleia
Batendo o coração.

Tem lenda dos caranguejos
É uma estória intrigante
Que um caranguejo rei
Um caranguejo gigante
Um bicho esverdeado
Assim quem o viu garante.

Ele vive escondido
Dentro da lama, no fundo
Ninguém consegue alcançá-lo
O buraco é bem profundo
Ali se esconde o maior
Caranguejo desse mundo.

Garrancho é o nome dele
Do caranguejo grandão
Que do buraco só sai
Uma vez por ocasião
Por volta da meia noite
Sexta feira da paixão.

Quem conseguir arrancar
Uma pata do Garrancho
Terá sorte em pescaria
Pode ficar muito ancho
Vai aparecer crustáceo
Pra juntar com pá e gancho.

A lenda de Arcoverde
O Coronel Brigadeiro
Do engenho Cunhaú
Ele foi o seu herdeiro
Homem ruim, violento
E bastante desordeiro.

Dizem que o Arcoverde
De tudo se arrependeu
Depois que se confessou
Com um frei que apareceu
E com o passar dos anos
De forma trágica morreu.

E depois de sua morte
Diz a lenda com certeza
Que Arcoverde assusta
O povo da redondeza
Para não se apoderarem
Dos tesouros, sua riqueza.

Quem viu o brilho do anel
Ficou com a vista embaçada
Quem ouvir o grito dele
Durante a madrugada
Vai se assombrar de verdade
Sem puder fazer mais nada.

A lenda do Pai do Mangue
É um fato especial
Pois fala dum personagem
Que é sobrenatural
Que assume forma humana
Pra defender manguezal.

Dizem que ele é um velho
Baixo, preto tem bom gosto
Olhos grandes, cabecinha
Um chapéu cobrindo o rosto
Para defender o mangue
Ele está sempre disposto.

Na boca do Pai do Mangue
Sempre um cigarro estaria
Aceso constantemente
Pois jamais se apagaria
Com roupa de pescador
O Pai do Mangue andaria.

Quem avistar Pai do Mangue
E encarando ficar
Não durará mais um ano
Pois a morte o levará
Assim falam os pescadores
Todos devem respeitar.

Ainda falando em lendas
Veja bem se isso pode
Lenda dos sete buracos
Chamada gruta do bode
Um cabrito solitário
Que berra e se sacode.

Em Canguaretama tem
Muitas lendas já criadas
Tem a Lagoa do Tacho
O Couro e a Boiada
Tem Maria Cunhaú
E tem a Ressuscitada.

Também se fala das Manchas
De Sangue do Cunhaú
O Cajueiro da Velha
Com galinha e sanhaçu
Da Comadre Fulozinha
E do Batatão guru.

Registro a morte das ostras
A lenda Chamamaré
O Sabor do Caranguejo
Veja bem como isso é
Negro Bueiro do Engenho
No Haja Pau boto fé.

Ainda se fala mais
Sobre o Cavalo Morto
Procissão dos Caranguejos
Seguindo caminho torto
Coqueiro do Cunhaú
Plantado perto do porto.

Tem muitas estórias a contar
Falta tempo e não brilho
Ainda tem uma Índia
Que devorou o seu filho
Os versos saíram tortos
Mas não saíram dos trilhos.

Peço desculpas se tem
Alguma coisa faltando
Imaginei fazer bom
Xará vá me desculpando
Agora vou terminar
Obrigado até quando.


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

RN 269

(Benildo Nery)

 

Essa estrada que liga
Cento e Um a Nova Cruz
Sé fosse feita de pele
Estaria toda em pus
Danada pra ter “pereba”
Parece rota de peba
Nessa causa só Jesus.

Não sei como o motorista
Consegue nela passar
A verdade é se não for
Perito no manobrar
Quando pra direita vai
Noutro buraco ele cai
Quando à esquerda voltar.

Pouco importa se o carro
É feito de ferro e aço
Se for novo se afolosa
Se velho cai um pedaço
O jeito é fazer apelo
Pra que se invente um modelo
Que flutue nesse espaço.

“Celera” e desacelera
É um tal de pisa em freio,
Troca de marcha, sopapos
Sacolejando o passeio
Cabra tranquilo sem pressa
Fica doido se estressa
Explode de saco cheio.

De combustível a pneu
A parte da suspensão
De tudo aumenta o gasto
Prejuízo de porção
Dá raiva só em pensar
Que é preciso passar
Por aquela região.

Se a viagem for de moto
Dá até pra costurar
Passando em alguns setores
Dá até pra acunhar
Mesmo assim todo cuidado
Pois pode ser acunhado
Se o cabra se descuidar.

Se o dia for chuvoso
Piora a situação
De moto não se costura
É lama que só o cão
O cabra fica perdido
E o carro quase engolido
Pelas “bocas de pilão”.

Para viajar a pé
É cuidado redobrado
Tem que ser bem muito mais
Do que já é aceirado
Roçando no matagal
Entre toco, pedra e pau
Pra não ser atropelado

E o pior é que ela
Foi toda “reconstruída”
Há poucos anos passados
Acho que foi na medida
Daquele que governou
Porque ela só durou
Seu mesmo tempo de vida.
 


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

ZÉ DE CATOTA (SELEÇÃO DO BBB)

(Benildo Nery)

 

Ontem de noite rapaz
Ei ri de quase chorar
Bastou eu botar os pés
Ali na porta do bar
Para Zé assim dizer:
"Rapaz eu vou me inscrever
O BBB vai começar!"

Não só eu que tava lá
No ambiente sorriu
Foi a maior rizadagem
Quem ouviu não resistiu:
“Zé de Catota endoidou!”
“Seu juízo se acabou!
“Sua sensatez sumiu!”

Até Seu Zuzu da venda
Um sujeito bem calado
Depois que parou de rir
Disse “ô cabra abestado
Tais vendo que tu rapaz
Com essa cara jamais
Será selecionado!

BBB ô cabra besta
Num é coisa pra gente não
É pra aqueles cara grande
Bonito e bem fortão
Que sabe falar bonito
Não tu que só falo aos grito
Que chega estremece o chão.”

Enquanto o seu xará
Não parava de sorrir
Amadeu que é bem sacana
Disse: “não vou te agredir
Porque eu não sou bandido
Mas Zé tu ser escolhido...
Mais fácil a mula parir!

Com esse teu jeito tolo
De matuto brocoió
Se entrar naquela casa
Todos vão te deixar só
E se ficar do teu lado
É fazendo um rodiado
Pra comer teu fiofó.”

Fica na tua Amadeu!”
Retrucou o Zé de Nena.
Deixa o cara rapaz
Pois o sucesso lhe acena!
Meu xará conte comigo
Porque eu estou contigo
Com toda gota serena!”

Zé de Catota na dele
Ouvindo as opiniões
Pois já era acostumando
Com palestras, reuniões
No meio do zum zum zum
Captou de cada um
Suas observações.

Aí chegou minha vez
De expor meu ponto de vista
E eu disse bem assim:
Zé eu tenho uma lista
Lá nunca entrou errantes
Só pessoas importantes
Tudo um monte de artista.

Você pode observar
É modelo, é escritor
Desempregado nenhum
É dançarino, é cantor
Dona de casa tem não
Bonitona e bonitão
Advogado e doutor.

Um chega lá bem solteiro
E quando sai é casado
Um com pinta de machão
Mas na verdade é viado
Mulé bonita até
Se agarra com outra mulé
Num grande sarrabufado.

Quando a Globo mostra as casas
Onde mora essa gente
É aquela televisão
Grandona bem lá na frente
Com a telinha bem fina
Cheio de gente granfina
Da gente é bem diferente.

Por isso eu digo a você
Home não se iluda não
Tudo bem você já fez
Sua sonhada inscrição
Esqueça esse BBB
Deixe as forças pra você
Gastar lá na eleição!

E ele feito um otário
Da minha fala pegou
Um gancho e disse assim:
Todo mundo já falou
E todos eu escutei
Mas saibam não aceitei
O meu plano não mudou.

É minha obrigação
Elevar nossa cidade
Faço isso porque sei
Que tenho capacidade
Isso em mim se inflama
Vou no caminho da fama
Com toda honestidade.”

Ai dali retirou-se
Seu Zuza e depois eu
Alguns outros que estavam
Inclusive Amadeu
Riso e raiva misturamos
O assunto encerramos
Só Zé que permaneceu.

Cheguei em casa pensado:
Cabra besta da mulesta
A um bocado de chifre
Pregado na sua testa
Se isso acontecer
Amigo tu pode crer
Que eu vou fazer uma festa.
 


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