Francisquinho
“rezador”
Hoje é uma
pessoa
Que não
perde tempo à toa
Com eventos
sem valor
Bom pra ele
é um louvor
Terço, missa
e novena
Coisa
mundana e terrena
Ele de longe
escanteia
Diz que é
ruim, coisa feia
Tá com a
gota serena.
Quando ele
liga o som
Escuta a
todo momento
Dayana e
Sacramento
Missionário
Shalom
Banda Rosa
de Saron
Louvemos,
Padre Zezinho
Rincão do
Senhor, Maninho
Cosme,
Laércio Oliveira
Rezza,
Salete Ferreira
Filhos de
Davi, Flavinho.
Quando a
televisão
Ele liga pra
assistir
Não é pra se
distrair
É pra fazer
oração
E sua
programação
Busca lá na
Rede Vida,
Canção Nova,
Aparecida,
Ou na Século
21
Outro
programa nenhum
Tomou isso
como lida.
Detona
forró, seresta
Uma simples
churrascada
Quando
assunto é balada
Isso é o que
menos presta
Na mesma
linha detesta
As histórias
de humor
Piadas não
dá valor
Não rir em
nenhum momento
Sério,
sisudo e birrento
Imerso em
amargor.
Quando
alguém o desagrada
Tratando
religião
Não aceita
opinião
Qualquer
outra está errada
Só a dele o
agrada
Só o que é
dele é do bem
Melhor que
ele ninguém
Só lhe falta
mesmo um manto
Porque já é
quase um santo
Só falta ir
pro Céu, amém!
Mas como eu
não aguento
Esse tipo de
abestado
Fui buscar
lá no passado
Um tanto de
argumento
Para no dado
momento
Que ele se
exaltar
E lição vir
querer dar
Bancando o
homem correto
Só com um
“tapa” direto
A sua boca
calar.
Amigos da
juventude
Os vizinhos
do passado
A quem era
mais ligado
Fui saber o
quanto pude
Certo que
muita virtude
Do seu ontem
encontrei
Mas lá
também me inteirei
Do oposto da
santidade
A sua outra
metade
Tudo, tudo
eu apurei.
Descobri que
Fracisquinho
Variava
entre o ordeiro
E o sujeito
arruaceiro
Atentador de
vizinho
Entre o que
tinha carinho
Por todos os
seus iguais
E o que
maltratava os pais
Todo final
de semana
Quando enchia
o cu de cana
E virava o
Satanás.
Francisquinho
variava
Entre um
trabalhador
E um sujeito
sem valor
Que coisa
ruim aprontava
Entre um que
namorava
Sério com a
filha de Zé
E o que
andava a pé
A noite toda
inteirinha
Em busca de
uma farrinha
Com as quengas
do cabaré.
Justo em
finais de semana
Que todos
iam pra missa
Ele dizia: “doidiça
Padre,
pastor tudo engana!
Vou sair pra
tomar cana
Pra mim o
que mais importa
É viver a
vida torta
E quem
quiser ir que vá
Mais quero a
chave pra cá
Pra poder
abrir a porta!”
Daí a noite
ganhava
Na farra, na
bebedeira
Com as
quenga mais fuleira
Era com quem
ele andava
A namorada
chorava
Com um
desgosto profundo
E ele feito
um imundo
Somente selinho
nela
Ali mesmo na
janela
E depois
ganhava o mundo.
Foi assim
por muitos anos
No auge da
juventude
Por ser
cheio de saúde
Mudar não
tava nos planos
Seus atos
vis e profanos
Pareciam não
ter fim
Entre ser
bom ou ruim
Isso pouco
interessava
A ele só
importava
Levar sua
vida assim.
Até que veio
a idade
A velhice
lhe pegou
Seu pai e
mãe Deus levou
Lá para a
eternidade
Com o fim da
mocidade
Sem ninguém
pra lhe cuidar
Decidiu por
se casar
Com a filha
de seu Zé
Presepada e
cabaré
Teve então
que largar.
Esforçou-se
um bocado
Pra encarar
nova vida
Pois a
outra, a preferida
Teve que deixar
de lado
Guardado lá
no passado
Seu tempo de
farra e dança
No dedo uma
aliança
A esposa
dele cuidando
Logo foi se
acostumando
Com toda
essa mudança
Daquela vida
errante
O que lhe
resta agora
É uma dor
que lhe tora
Todo dia a
todo instante
Por beber e
ser fumante
Problemas no
coração
Frivioco e
disfunção
Sente a todo
momento
Esse aí foi
o rebento
Da vida de
perdição.
Pousar de
homem direito
Foi a sua
opção
E em busca da
salvação
Carrega Jesus
no peito
Dos outros
já tem respeito
É um sujeito
educado
Mas deixo a
ele um recado
Viva a sua e
deixe a minha
Não venha
com conversinha
Senão escuta
um bocado!