quinta-feira, 24 de agosto de 2017

FRANCISQUINHO "RESADOR"

(Benildo Nery)

Francisquinho “rezador”
Hoje é uma pessoa
Que não perde tempo à toa
Com eventos sem valor
Bom pra ele é um louvor
Terço, missa e novena
Coisa mundana e terrena
Ele de longe escanteia
Diz que é ruim, coisa feia
Tá com a gota serena.

Quando ele liga o som
Escuta a todo momento
Dayana e Sacramento
Missionário Shalom
Banda Rosa de Saron
Louvemos, Padre Zezinho
Rincão do Senhor, Maninho
Cosme, Laércio Oliveira
Rezza, Salete Ferreira
Filhos de Davi, Flavinho.

Quando a televisão
Ele liga pra assistir
Não é pra se distrair
É pra fazer oração
E sua programação
Busca lá na Rede Vida,
Canção Nova, Aparecida,
Ou na Século 21
Outro programa nenhum
Tomou isso como lida.

Detona forró, seresta
Uma simples churrascada
Quando assunto é balada
Isso é o que menos presta
Na mesma linha detesta
As histórias de humor
Piadas não dá valor
Não rir em nenhum momento
Sério, sisudo e birrento
Imerso em amargor.

Quando alguém o desagrada
Tratando religião
Não aceita opinião
Qualquer outra está errada
Só a dele o agrada
Só o que é dele é do bem
Melhor que ele ninguém
Só lhe falta mesmo um manto
Porque já é quase um santo
Só falta ir pro Céu, amém!

Mas como eu não aguento
Esse tipo de abestado
Fui buscar lá no passado
Um tanto de argumento
Para no dado momento
Que ele se exaltar
E lição vir querer dar
Bancando o homem correto
Só com um “tapa” direto
A sua boca calar.

Amigos da juventude
Os vizinhos do passado
A quem era mais ligado
Fui saber o quanto pude
Certo que muita virtude
Do seu ontem encontrei
Mas lá também me inteirei
Do oposto da santidade
A sua outra metade
Tudo, tudo eu apurei.

Descobri que Fracisquinho
Variava entre o ordeiro
E o sujeito arruaceiro
Atentador de vizinho
Entre o que tinha carinho
Por todos os seus iguais
E o que maltratava os pais
Todo final de semana
Quando enchia o cu de cana
E virava o Satanás.

Francisquinho variava
Entre um trabalhador
E um sujeito sem valor
Que coisa ruim aprontava
Entre um que namorava
Sério com a filha de Zé
E o que andava a pé
A noite toda inteirinha
Em busca de uma farrinha
Com as quengas do cabaré.

Justo em finais de semana
Que todos iam pra missa
Ele dizia: “doidiça
Padre, pastor tudo engana!
Vou sair pra tomar cana
Pra mim o que mais importa
É viver a vida torta
E quem quiser ir que vá
Mais quero a chave pra cá
Pra poder abrir a porta!”

Daí a noite ganhava
Na farra, na bebedeira
Com as quenga mais fuleira
Era com quem ele andava
A namorada chorava
Com um desgosto profundo
E ele feito um imundo
Somente selinho nela
Ali mesmo na janela
E depois ganhava o mundo.

Foi assim por muitos anos
No auge da juventude
Por ser cheio de saúde
Mudar não tava nos planos
Seus atos vis e profanos
Pareciam não ter fim
Entre ser bom ou ruim
Isso pouco interessava
A ele só importava
Levar sua vida assim.

Até que veio a idade
A velhice lhe pegou
Seu pai e mãe Deus levou
Lá para a eternidade
Com o fim da mocidade
Sem ninguém pra lhe cuidar
Decidiu por se casar
Com a filha de seu Zé
Presepada e cabaré
Teve então que largar.


Esforçou-se um bocado
Pra encarar nova vida
Pois a outra, a preferida
Teve que deixar de lado
Guardado lá no passado
Seu tempo de farra e dança
No dedo uma aliança
A esposa dele cuidando
Logo foi se acostumando
Com toda essa mudança

Daquela vida errante
O que lhe resta agora
É uma dor que lhe tora
Todo dia a todo instante
Por beber e ser fumante
Problemas no coração
Frivioco e disfunção
Sente a todo momento
Esse aí foi o rebento
Da vida de perdição.

Pousar de homem direito
Foi a sua opção
E em busca da salvação
Carrega Jesus no peito
Dos outros já tem respeito
É um sujeito educado
Mas deixo a ele um recado
Viva a sua e deixe a minha
Não venha com conversinha
Senão escuta um bocado!
 

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