quinta-feira, 28 de julho de 2016
segunda-feira, 18 de julho de 2016
VIDA COMPRIDA
(JC Paixão)
Agradeço ao meu senhor
Por toda vida vivida
Que ao longo desse tempo
Que trago na minha vida
Muita coisa sei que vi
Outras eu também vivi
Na minha missão cumprida.
Já apresento cansaço
As vezes quero morrer
Porque uma vida longa
Confesso para você
Pode não ser por maldade
Mas só aumenta a saudade
De quem muito assim viver.
Saudade sinto saudade
De tanta coisa passada
Do meu tempo de criança
Também da rapaziada
Das festas, das brincadeiras
Das conversinhas nas feiras
Êita saudade malvada.
Sinto saudade também
Do meu banho de riacho
De colher fruta madura
Ainda pegada no cacho
Da montaria a cavalo
De ralar milho no ralo
E roer bem muito o tacho.
Como era divertido
O trabalho na fazenda
Toda aquela cabroeira
Indo pro pé da moenda
Pegar cedo no batente
As vezes triste ou contente
Se arranchava na tenda.
Do casamento vivido
Eu trago boas lembranças
No dia do matrimonio
Houve uma grande festança
Tinha sim muita comida
E também muita bebida
Diversão com muita dança.
Depois veio a criançada
Tinha menino e menina
Para mais de uma dúzia
Era uma coisa divina
Família de muitos filhos
Pra todos andar nos trilhos
Pura regra nordestina.
Como o tempo foi passando
A família foi crescendo
Veio netos e bisnetos
Cada vez gente nascendo
Mas no meio a alegria
A tristeza aparecia
Quando vi gente morrendo.
É um sofrimento grande
É uma tristeza sem fim
Vê a morte de um filho
Pense numa coisa ruim
Dá adeus a um parente
Gente que é minha gente
Um pedacinho de mim.
Mais se a vida continua
O que foi ficou pra traz
Mesmo que a gente lembre
O que foi não volta mais
A gente guarda na mente
E vez por outra se sente
Indefeso e incapaz.
Sempre vivi no Nordeste
Pela seca castigado
Eu vi o mato morrendo
Tudo seco esturricado
Se perdendo a plantação
Por falta d’água no chão
Também vi morrendo o gado.
Vi muita gente arribando
Do sertão ao litoral
Migrando junto à pobreza
Se mudando de local
Implorando pela sorte
Para se livrar da morte
Um sofrimento total.
Também vi muita bonança
Por toda essa redondeza
Trazida por muita chuva
Lago enche que beleza
A terra toda molhada
Que coisa boa danada
Como é bela a natureza.
Agora o mato verde
Pros animais tem comida
O que plantar tem colheita
Tem fartura adquirida
Com sertanejo em regresso
Cantando e fazendo verso
Fé já restabelecida.
Eu vi chegar o progresso
Trazendo muita esperança
Enricando mais os ricos
Que aumenta a poupança
E o trabalhador coitado
Contente mas explorado
Iludido na ganança.
Com o avanço eu confesso
Muita coisa melhorou
A chegada de energia
Grande lacuna sarou
Trouxe tecnologia
Atrasada ou tardia
Se demorou mais chegou.
Na lembrança inda guardo
Minha escola primeira
Era uma casa velha
Com a porta de madeira
Tudo era improvisado
O quadro mal apregado
Também faltava carteira.
E pra levar o caderno
Lá de casa pra escola
Não era em bolsa chique
Era dentro de sacola
E uns colegas dizendo
Tá mesmo é parecendo
Que tu tá pedindo esmola.
Mais como ainda vivo
Vi muita coisa mudar
A minha primeira escola
Hoje não está mais lá
Tem uma melhor, distante
Mais tem ônibus pra estudante
Basta querer estudar.
Tenho viva na memória
Passagens não esquecida
De tempos bons e felizes
Também de coisa sofrida
De tudo já vi um pouco
Nesse Brasil de caboco
Numa vida bem comprida.
quarta-feira, 13 de julho de 2016
DE SANTA SÓ TEM O NOME
Benildo Nery
Maria de
Madalena
Quando era
bem novinha
Era
tranquila, pacata
Depois que
ficou mocinha
E a cebola
esquentou
Pra namorar
desasnou
Tá com o
diabo a danadinha.
Juntou-se
com a vizinha
Outra quem
tem pá virada
Todo final
de semana
De noite faz
arribada
Com outras
da mesma idade
Cascaviando
a cidade
Atrás de uma
balada.
E topa
qualquer parada
Que a
turminha sugerir
A mãe dá
conselho a ela
Lhe pede pra
não sair
E ela não dá
nem ouvido
Não atende o
seu pedido
Vai com a
galera curtir.
Quando volta
vai dormir
Com o dia
amanhecido
Só acorda ao
meio dia
Quando o
almoço é servido
Come e volta
a se deitar
Para então
se levantar
Com o dia
escurecido.
Janta o
prato preferido
Quarenta com
carne assada
Toma um
banho bem tomado
Bota uma
roupa ousada
Fica toda cheirosinha
Grita
chamando a vizinha
E sai com
ela colada
A rota já tem
traçada
Desde a
noite que passou
Fulana vai
com sicrano
Já que
fulano furou
Carro ou
moto tanto faz
Com outra
moça ou rapaz
O importante
é que eu vou.
E como se
combinou
Bate a turma
em arribada
Gritando e
piruetando
Numa bagunça
danada
E já vão se
aquecendo
Com uma
latinha bebendo
Até chegar
na balada.
Mulher não
paga a entrada
Oh, coisa boa
da porra!
Só vamos
sair no fim
Espero que
ninguém corra
Vamos beber,
farrear
Nos divertir,
namorar
Pode entrar
minha cachorra!
Até que o suor
escorra
Lá pra baixo
da canela
Esta noite
eu vou dançar
Com você
minha cadela
E se atracam
no salão
Que só falta
o coração
Pular fora
da titela.
Para não
secar a goela
Cerveja só
da gelada
Vodca no
copo pura
Ou com Fanta
misturada
E para no
grau ficar
Vão lá fora
para dar
Vez em quando uma "pitada".
Já encerrada
a balada
É hora de ir
pra casa
Toda a turma
se reúne
Com os
corpos ardendo em brasa
Numa noia
infeliz
Um ou outro
ainda diz:
- Essa turma
aqui arrasa!
Da balada
até em casa
Rola muito
mais bebida
Maria de
Madalena
Que é a mais
exibida
Fala alto,
grita, canta
Que até o
Diabo se espanta
Com seu jeito de enxerida.
Praticamente
despida
Parece feita
de mola
Toda mole se
contorce
Dança,
requebra e rebola
E os cabras
lhe agarrando
De mão a
outra passando
Como se
fosse uma bola.
E depois que
a pistola
Acha a
brecha da bainha
É que ela
sossega o facho
Fica calma,
bem calminha
Logo se
apaga a brasa
E ela então
vai pra casa
Isso já de
manhãzinha.
Ela e sua vizinha
Amiga e
companheira
Que juntas
pintam o sete
Fazem da
vida doideira
Retratando a
vida urbana
Todos finais
de semana
Se entregam
à bagaceira.
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