domingo, 10 de agosto de 2014

O MEU PAI ME CRIOU FAZENDO USO/DA COLHER DE PEDREIRO EM SUA MÃO

(Benildo Nery)




Tempo em tempo ele foi agricultor
Cultivou muita terra em outrora
Também foi conhecido “mundo” afora
Como Pedro o mestre construtor
Mas a obra onde foi superior
Sou a prova e a confirmação
Foi no erguer da família, a construção
Que em versos agora eu difuso
O meu pai me criou fazendo uso
Da colher de pedreiro em sua mão.

Foi um forte, um guerreiro diário
Chuva ou sol ele estava no batente
Sustentou nove filhos, muita gente
Sem ganhar os melhores dos salário
Um urbano com instinto de agrário
Dividiu-se em mais de uma profissão
Por saber não podia faltar pão
Nisso aí ele nunca foi confuso
O meu pai me criou fazendo uso
Da colher de pedreiro em sua mão.

Construiu em fazendas casarões
Umas próximas e outras bem distante
Frente a isso era prática constante
Ficar dias nas terras dos patrões
Em casa dezena de corações
A esperar com uma certa aflição
Preparando uma recepção
Pra fazê-lo sentir-se eterno incluso
O meu pai me criou fazendo uso
Da colher de pedreiro em sua mão.

Desde casa pra servir de morada
Às chamadas de casa de farinha
Quatro água, chalé ou simplesinha
Com tijolo a mostra ou rebocada
A cocheira e jequi para boiada
Pra dormida e para vacinação
Cocho para botar sal e ração
Pra prensa de madeira fez o fuso
O meu pai me criou fazendo uso
Da colher de pedreiro em sua mão.


Em momentos a doença lhe abateu
Pondo pausa em sua atividade
Como tinha grande capacidade
Lá no fim da batalha ele a venceu
Quando menos esperava ascendeu
Numa impressionante recuperação
Se a vida lhe trouxe provação
Ele a superou fato profuso
O meu pai me criou fazendo uso
Da colher de pedreiro em sua mão.

Hoje ele está velho e cansado
Encostou todas suas ferramenta
Mas ainda ele quase não se senta
Apesar de já ser aposentado
O meu rei para sempre coroado
De coragem, humildade e ação
Que a família se deu sem prestação
Sem cobrar nem sequer um parafuso
O meu pai me criou fazendo uso
Da colher de pedreiro em sua mão.

Quando para outro plano ele partir
Vai deixar um vazio disso sei
Mas assim como os outros eu terei
Que o exemplo de vida seu seguir
Problemas encarar sempre a sorrir
Pulso firme e determinação
Diante de cada situação
Seu legado jamais será concluso
O meu pai me criou fazendo uso
Da colher de pedreiro em sua mão.

Um comentário:

  1. ACOMPANHAR A EVOLUÇÃO DOS POETAS NA DIFÍCIL, PORÉM FÁCIL ARTE DE ESCREVER É MUITO GRATIFICANTE... ABRAÇO À TODOS E BOA PRODUÇÃO ARTÍSTICA!

    MARCOS TEIXEIRA

    ResponderExcluir

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