BN
Eu saia de
casa sem dizer
Para onde
danado que eu ia
O que era
mundo e fundo eu batia
Sem diabos
nenhum para fazer
No retorno
mãe ia me bater
E pedia ao
meu pai o cinturão
Quando eu
via corria pro oitão
E os dois
coitados correndo atrás
“Fui a dor
de cabeça dos meus pais
Quando eu
era menino no sertão.”
PP
Eu ficava em
casa o dia inteiro
No errado eu
tinha competência
Dos meus
pais eu roubava a paciência
E agindo
igualmente um desordeiro
Eu brechava
a irmã lá no banheiro
Quando ela
fazia obrigação
Quando ela
apanhava o sabão
Era a parte
que eu gostava mais
“Fui a dor
de cabeça dos meus pais
Quando eu
era menino no sertão.”
BN
Eu subia no
pé de goiabeira
E tirava as
frutas bem verdinhas
Derrubava as
laranjas bem novinhas
E cortava os
pés de bananeira
Lá na roça
eu saía na carreira
Pinotando no
meio da plantação
Destruía a
lavoura de feijão,
Milho, fava
e dos outros cereais
“Fui a dor
de cabeça dos meus pais
Quando eu
era menino no sertão.”
PP
Eu amava
fazer o que é errado
Pois achava
que era tudo certo
Quando eu
via uma menina por perto
Eu agia como
fosse um tarado
Eu sentava
pertinho do seu lado
E ali já ia
passando a mão
Pela frente
ela reclamava então
Eu passava a
mãozinha por detrás
“Fui a dor
de cabeça dos meus pais
Quando eu
era menino no sertão.”
BN
Quando mãe
dizia pra eu entrar
Eu teimoso
demais então saia
Devagar pra
andar mais eu corria
Com firula
tentando me amostrar
Quando pai
estava a palestrar
Eu ficava
entra e sai sem precisão
Me metendo
em sua falação
Com os
compadres queimando seu cartaz
“Fui a dor
de cabeça dos meus pais
Quando eu
era menino no sertão.”
PP
Quando
alguém amarrava um animal
Uma cabra,
uma vaca ou um jumento
Eu mostrava
como era um nojento
Um bandido
de índole marginal
Eu botava em
prática o lado mal
E agia feito
o filho do cão
Eu cortava a
corda com um facão
E espantava
ele para os matagais
“Fui a dor
de cabeça dos meus pais
Quando eu
era menino no sertão.”
BN
Eu contava
apenas quatro anos
E os sinais
de ruindade eu já dava
Tudo quanto
de mal eu aprontava
Sem ouvir a
ninguém pai, mãe nem manos
Acabar,
destruir esses meus planos
Procurava
pôr sempre em ação
Tudo quanto
era bicho em minha mão
Era assim
maltratado por demais
“Fui a dor
de cabeça dos meus pais
Quando eu
era menino no sertão.”
PP
Pra igreja
nunquinha que ia
Pois achava
um troço muito chato
Quando tinha
um terço lá no mato
Eu ia com
prazer e alegria
Só que não
era reza que eu queria
Eu queria
era mesmo diversão
Eu zombava
de Chico, de João
Da Beata
Zefinha e de Seu Braz
“Fui a dor
de cabeça dos meus pais
Quando eu
era menino no sertão.”
BN
Procissão
quando tinha eu seguia
Bem na
frente pertinho do andor
Inquieto, total
perturbador
Rindo alto,
falando baixaria
Na igreja invadia
a sacristia
E espalhava
a hóstia pelo chão
Eu xingava o
pobre do sacristão
Eu era bem pior
que o Satanás
“Fui a dor
de cabeça dos meus pais
Quando eu
era menino no sertão.”
PP
Quando eu um
enterro acompanhava
Eram risos,
conversas, cantoria
Gargalhadas, zoeira em demasia
Enquanto lá
num canto alguém chorava
Minha mãe me
olhando reclamava
Eu corria
pro meio da multidão
No cemitério
eu chutava o portão
Cova em cova
ria dos ancestrais
“Fui a dor
de cabeça dos meus pais
Quando eu
era menino no sertão.”
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