quarta-feira, 8 de julho de 2015

IRONIA DO DESTINO

(Benildo Nery)


Dos filhos de Seu Cazuza
Juninho foi sempre errado
Andava sempre encangado
Com o filho de Vanuza
Mais conhecido por Zuza
Da sua mesma “iguaia”
E ali no bairro Jandaia
E por toda região
Aprontavam de montão
Com outros da mesma laia.

Passavam o dia inteiro
De rua em rua zanzando
Só das “boas” aprontando
Feitos uns arruaceiro
Se um era presepeiro
O outro era muito mais
E junto com os demais
Tomavam cana, jogavam,
Desentendidos brigavam
Feito um bando de animais.

Conselho nenhum ouvia
Dos pais, do padre ou pastor
O que chamam professor
Pra ele nem existia
Porque o que mais valia
Na vida era curtição
Farra e badalação
Junto com sua galera
Vez em quando uma paquera
Somente pra “zuação”.

Quando o dia findava
A noite é que era bom
Aonde tivesse um som
Ligado a turminha estava
Não sei onde arrumava
Grana para tudo aquilo
Se vestir bem, com estilo
Fumar, beber, farrear
Sem nunca se aperrear
Sem trabalhar, bem tranquilo.

Aí foi inevitável
Começar a falação
Dizia Seu Valadão:
Isso é inacreditável
Como é que um imprestável
Que não faz porra nenhuma
Só vive tomando uma
Farreando noite e dia?
Certo como o gato mia
Está aprontando alguma!

Já sua mulher dizia
Como quem lhe desaponta:
Mas não é da nossa conta
Se ele curte noite e dia
Se fosse, eu me importaria
Como não, fico calada
Se ele faz coisa errada
Pra poder arrumar grana
Um dia ele vai em cana
Pra deixar de presepada!

Geraldo de Bastiana
Que era mais desbocado:
Tá saindo é com viado
Por isso tem tanta grana!
Ou num dia da semana
Ele tira pra roubar
Ou então pra enganar
Velho capenga e manco
Na maquininha do banco!
Um dia vai se lascar!

Numa rodinha formada
Em certo ponto da rua
Cada um dizia a sua:
A conversa era acirrada:
“Rapaz... eu não sei de nada!”
 “ Não tem como não, só sendo
Que droga ele tá vendendo!”
“O cara tá bem demais!”
“Cada dia ganha mais!”
“Está quase enriquecendo!”

E Juninho ia seguindo
A vida de ostentação
Sem dar nenhuma atenção
Fingia não tá ouvindo
Por esse mundão curtindo
Com seus amigos do peito
E sempre do mesmo jeito
Anos foram se passando
Maioridade chegando
Sempre a viver do malfeito.

Estando maior de idade
Tomou uma decisão
Deixou sua região
Foi morar noutra cidade
E na “informalidade”
Como sempre ele viveu
Turma nova conheceu
Seguindo a mesma trilha
Formou a sua quadrilha
No seu "negócio" cresceu.

Fez jus ao que se dizia
Sobre ele em Jandaia
Comprou casarão na praia
Festa mais festa fazia
O lucro que contraia
Com as suas armações
Investia em ações
Joias e carro de luxo
E claro enchendo o bucho
Em festejos nas mansões.

Em Jandaia se ouvia
Notícias de um tal ricaço
Que deixou o seu regaço
Mas que um dia voltaria
Pra fazer a alegria
De toda aquela gente
Distribuindo presente
Para quem lhe criticou
"Tudo bem! Já perdoou!
Apagou da sua mente!"

Passaram anos, mais anos
Quando uma segunda feira
Uma notícia ligeira
Que não estava nos planos
Foi dada pelos seus manos:
O Juninho vai chegar!
Nosso pai vai lhe pegar
Hoje no aeroporto!
Vem num caixão, está morto!
E amanhã vai enterrar!
 


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