(Benildo Nery)
Sou um
amaldiçoado
Sem pai, sem
mãe, sem parente
Feito um
reles indigente
Sem deixar
nenhum legado
Fui nessa
cova jogado
Sem direito
aquela cruz
Que a fé do
mundo conduz
Sem choro e
sem rezador
Como o pior
pecador
Que não tem
direito a luz.
Junto a mim há
outros tantos
Cumprindo a mesma
sentença
Sentindo a
indiferença
De quem não
derramou prantos
E nem nos
cobriu com mantos
Ou com uma
veste decente
Num breve futuramente
Já nem
seremos lembrados
Comentados e
guardados
No coração
de um somente.
Espero ser
pagador
Aqui nesse
vil lugar
De tudo que
eu quis pecar
Quando fui
um visitador
Desse mundo
sem pudor
De culpado
que condena
Da maldade bem
serena
Camuflada em
bondade
E que faz da
caridade
A maior e
pior pena.
Sendo assim sei
ficarei
No submundo
deitado
Cada um que
for pecado
O seu preço
pagarei
Do meu lado outros
verei
Pagando o
que estou pagando
Eternamente aguardando
Um facho de
luz, um lume
Que nos
livre do curtume
Noutro mundo
acordando.
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