quinta-feira, 2 de julho de 2015

CURTUME DE ALMAS

(Benildo Nery)


Sou um amaldiçoado
Sem pai, sem mãe, sem parente
Feito um reles indigente
Sem deixar nenhum legado
Fui nessa cova jogado
Sem direito aquela cruz
Que a fé do mundo conduz
Sem choro e sem rezador
Como o pior pecador
Que não tem direito a luz.

Junto a mim há outros tantos
Cumprindo a mesma sentença
Sentindo a indiferença
De quem não derramou prantos
E nem nos cobriu com mantos
Ou com uma veste decente
Num breve futuramente
Já nem seremos lembrados
Comentados e guardados
No coração de um somente.

Espero ser pagador
Aqui nesse vil lugar
De tudo que eu quis pecar
Quando fui um visitador
Desse mundo sem pudor
De culpado que condena
Da maldade bem serena
Camuflada em bondade
E que faz da caridade
A maior e pior pena.

Sendo assim sei ficarei
No submundo deitado
Cada um que for pecado
O seu preço pagarei
Do meu lado outros verei
Pagando o que estou pagando
Eternamente aguardando
Um facho de luz, um lume
Que nos livre do curtume
Noutro mundo acordando.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós. Deixe seu comentário criticando ou dando sugestões.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...