Autor: Benildo Nery
Encontrei-me com
um amigo
Do meu tempo de
menino
Filho de Pedro
Firmino
E de Dona
Ivonete
Ele usava um
topete
Pra disfarçar a
careca
Foi um garoto
sapeca
No seu tempo de
infância
Hoje com muita
elegância
Vestia uma linda
beca.
II
Começamos
conversar
Para matar as
saudades
E saber as
novidades
Da sua vida e da
minha
Sentados numa
pracinha
Ficamos por mais
de hora
E bem perto de
ir embora
Ele começou
contar
O que queria
mudar
Neste mundo que
ele adora.
Começou dizendo
assim:
III
Eu só queria
poder
Um dia acabar
com as guerras
Levar água para
as terras
Desse sertão
nordestino
Não é nenhum
desatino
Pois eu sei que
sou capaz
De fazer ainda
mais
Até transformar
o mundo
Acabar em um
segundo
Com as tragédias
sociais.
IV
Queria ter o
poder
De construir
mais escolas
E as crianças
nas sacolas
Levar um lanche
do bom
Permita usar o
tom:
Educação é
minério!
Tem que ser
levada a sério!
Mas isso poucos
compreendem
E ao contrário a
entendem
Como se fosse um
mistério.
V
Queria ter o
poder
De acabar com as
doenças
Aos povos de
várias crenças
Levar a minha
mensagem
De destreza, de
coragem
De tremenda
valentia
Seja de noite ou
de dia
A todos poder
dizer:
Faço isso com
prazer
E com enorme
alegria!
VI
Queria ter o
poder
De comandar a
logística
De colocar na
política
Somente cabra
decente
Que puxe da sua
mente
Projeto bom,
tudo novo
Que não seja um
papa-ovo
Babaca, troço, ladrão
Que não fale
palavrão
E nem
desrespeite o povo.
VII
Se eu pudesse
acabaria
Com brigas entre
vizinhos
Bravos ficavam
mansinhos
Todos os quais em
suas casas
Construiria umas
asas
Tais quais as do
beija-flor
Viraria um beijador
Por esse mundão
afora
Chamado a partir
de agora
De mensageiro do
amor.
VIII
Eu só queria
poder
Criar um super-atleta
E fazer da
bicicleta
O transporte da
nação
Com zero
poluição
Logo o Brasil
seria
Uma terra de
magia
Que valoriza sua
gente
Onde se vive
contente
E que é limpa a
energia.
IX
Se eu tivesse o
poder
De treinar a
Seleção
Brasil era o
campeão
Em todas as Copas
do Mundo
Desprezava o
vagabundo
Que não quisesse
jogar
Nunca iria ter
lugar
Jogador pé-de-chinelo
Cabra igual
Felipe Melo
Nem no banco ia
ficar.
X
Queria ter o
poder
De fabricar as
bebidas
Todas as que são
servidas
Nas mesas do
mundo afora
Posso até levar
um fora
Assim mesmo vou
dizer:
Elas teriam o
poder
De transformar
essas mentes
E de fazer
inteligentes
Quem uma dose
beber.
XI
Queria acabar
com as filas
Que existem em
banco e loja
Fazer do óleo de
soja
Algo menos
gorduroso
Seria bem
prazeroso
Viver sem
colesterol
Ver de perto o
arrebol
Da manhã ou da
tardinha
Sentar-me nessa
pracinha
Pra curtir o
pôr-do-sol.
XII
Se eu tivesse o
poder
Faria com que os
casais
Se amassem muito
mais
Do que ao padre
disseram
Quando ali
estiveram
Aos seus pés
ajoelhados
E com os corpos curvados
Em sinal de
humildade
Dizendo a toda a
cidade:
- Agora somos
casados!
XIII
Se eu tivesse
poder
Garanto
construiria
Um ponto de
poesia
Bem no centro da
cidade
Mudava a
realidade
Desse mundo sem
cultura
Que agride a
criatura
E também o
Criador
Que traz mágoa,
que traz dor
E torna a vida escura.
XIV
Como não tenho
poder
Apenas sonho
acordado
Mas um sonho
realizado
Um dia eu ei de
ver
Aí não vou me
conter
Festejar,
cantar, sorrir.
Tudo de bom há
de vir
Pois tudo será
melhor
Em todo o nosso
redor
Flores irão se
abrir.
XV
Levantou-se,
foi-se embora
E eu fiquei ali
sentado
Bastante
atordoado
Bateu forte o
coração
Fiz uma reflexão
Sobre o que
aconteceu
Descobri o que
se deu
Fiquei muito
aliviado
Pois havia
conversado
Simplesmente com
o meu eu.