quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CONVERSA INCIDENTAL

Autor: Benildo Nery



Encontrei-me com um amigo
Do meu tempo de menino
Filho de Pedro Firmino
E de Dona Ivonete
Ele usava um topete
Pra disfarçar a careca
Foi um garoto sapeca
No seu tempo de infância
Hoje com muita elegância
Vestia uma linda beca.
                    II
Começamos conversar
Para matar as saudades
E saber as novidades
Da sua vida e da minha
Sentados numa pracinha
Ficamos por mais de hora
E bem perto de ir embora
Ele começou contar
O que queria mudar
Neste mundo que ele adora.

Começou dizendo assim:
                   III
Eu só queria poder
Um dia acabar com as guerras
Levar água para as terras
Desse sertão nordestino          
Não é nenhum desatino
Pois eu sei que sou capaz
De fazer ainda mais
Até transformar o mundo
Acabar em um segundo
Com as tragédias sociais.
                IV
Queria ter o poder
De construir mais escolas
E as crianças nas sacolas
Levar um lanche do bom
Permita usar o tom:
Educação é minério!
Tem que ser levada a sério!
Mas isso poucos compreendem
E ao contrário a entendem
Como se fosse um mistério.
                   V
Queria ter o poder
De acabar com as doenças
Aos povos de várias crenças
Levar a minha mensagem
De destreza, de coragem
De tremenda valentia
Seja de noite ou de dia
A todos poder dizer:
Faço isso com prazer
E com enorme alegria!
                 VI
Queria ter o poder
De comandar a logística
De colocar na política
Somente cabra decente
Que puxe da sua mente
Projeto bom, tudo novo
Que não seja um papa-ovo
Babaca, troço, ladrão
Que não fale palavrão
E nem desrespeite o povo.
                 VII
Se eu pudesse acabaria
Com brigas entre vizinhos
Bravos ficavam mansinhos
Todos os quais em suas casas
Construiria umas asas
Tais quais as do beija-flor 
Viraria um beijador
Por esse mundão afora
Chamado a partir de agora
De mensageiro do amor.
                   VIII
Eu só queria poder
Criar um super-atleta
E fazer da bicicleta
O transporte da nação
Com zero poluição
Logo o Brasil seria
Uma terra de magia
Que valoriza sua gente
Onde se vive contente
E que é limpa a energia.
                   IX
Se eu tivesse o poder
De treinar a Seleção
Brasil era o campeão
Em todas as Copas do Mundo
Desprezava o vagabundo
Que não quisesse jogar
Nunca iria ter lugar
Jogador pé-de-chinelo
Cabra igual Felipe Melo
Nem no banco ia ficar.
                X
Queria ter o poder
De fabricar as bebidas
Todas as que são servidas
Nas mesas do mundo afora
Posso até levar um fora
Assim mesmo vou dizer:
Elas teriam o poder
De transformar essas mentes
E de fazer inteligentes
Quem uma dose beber.
                     XI
Queria acabar com as filas
Que existem em banco e loja
Fazer do óleo de soja
Algo menos gorduroso
Seria bem prazeroso
Viver sem colesterol
Ver de perto o arrebol
Da manhã ou da tardinha
Sentar-me nessa pracinha
Pra curtir o pôr-do-sol.
                   XII
Se eu tivesse o poder
Faria com que os casais
Se amassem muito mais
Do que ao padre disseram
Quando ali estiveram
Aos seus pés ajoelhados
E com os corpos curvados
Em sinal de humildade
Dizendo a toda a cidade:
- Agora somos casados!
               XIII
Se eu tivesse poder
Garanto construiria
Um ponto de poesia
Bem no centro da cidade
Mudava a realidade
Desse mundo sem cultura
Que agride a criatura
E também o Criador
Que traz mágoa, que traz dor
E torna a vida escura.
               XIV
Como não tenho poder
Apenas sonho acordado
Mas um sonho realizado
Um dia eu ei de ver
Aí não vou me conter
Festejar, cantar, sorrir.
Tudo de bom há de vir
Pois tudo será melhor
Em todo o nosso redor
Flores irão se abrir.
               XV
Levantou-se, foi-se embora
E eu fiquei ali sentado
Bastante atordoado
Bateu forte o coração
Fiz uma reflexão
Sobre o que aconteceu
Descobri o que se deu
Fiquei muito aliviado
Pois havia conversado
Simplesmente com o meu eu.

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