(Benildo Nery)
Assim que
anoiteceu
Na casa dela
eu cheguei
Bem de
mansinho entrei
Ninguém,
ninguém percebeu
Corri para o
quarto seu
Fui
procurando um cantinho
Reservado e
escurinho
Pra ela não
me notar
E fiquei a
lhe esperar
Concentrado
e bem quietinho.
Vi quando
ela chegou
Eram sete e
meia ou mais
Tava cansada
demais
Em sua cama
deitou
Pouco depois
levantou
E a roupa
foi tirando
E eu ali só
espiando
Seu corpo
fenomenal
Num belo fio
dental
Na toalha se
enrolando.
Para o banho
seguiu
Eu ali me
aguentando
Meio cismado
pensando:
Será que ela
me viu?
Outra vez
ela surgiu
Na toalha
enrolada
Dessa vez
mais relaxada
Feliz a
cantarolar
Oito, hora
do jantar
Vestiu-se e
saiu voada.
Fiquei
bastante frustrado
Quando vi
ela saindo
Do quarto
toda sorrindo
Deixando
tudo apagado
Na cozinha o
tilingado
De copo, prato, talher...
E eu
pensando: essa mulher
Tá demorando
demais
Mas daqui
não saio mais
Só depois
que ela vier!
Esperei por
meia hora
Tava quase
cochilando
Quando vi se
apagando
As luzes de
lá de fora
Pensei
comigo: é agora
Que ela vem repousar
Quando ouvi
um conversar
Da televisão
ligada
Lhe imaginei
sentada
A tela a
observar.
Outras vozes
eu ouvi
Sem ser da
televisão
Mas, não dei
muita atenção
Fingi que
nem percebi
A essa
altura eu dormi
No
esconderijo meu
A luz do
quarto acendeu
Aí um pinote
eu dei
Confesso que despertei
Com o show
que ela me deu.
Como fosse
um ritual
Ligou o seu
celular
Dava para
escutar
Um tipo de
um musical
E ela toda
sensual
Sua veste
foi tirando
Peça por
peça dobrando
Guardando no
guarda-roupa
Vi a sua
linda polpa
Da bunda se
requebrando.
Junto à
cômoda se sentou
Ficou se
olhando no espelho
Pôs um baby-doll
vermelho
E quando se
levantou
De creme um frasco pegou
Começou a
espalhar
Pelo corpo a
deslizar
Doce e
suavemente
Bem ali na
minha frente
E eu quase
sem acreditar.
Começou
pelos seus braços
Pescoço,
busto em seguida
E eu comigo:
querida
Hoje eu te
dou uns abraços!
Não a toa os
seus passos
Neste
ambiente marquei
Até agora
esperei
Este momento ímpar
Quando vi
ela parar
Meu
pensamento mudei.
Não é que uma
muriçoca
Começou
incomodá-la
Nas suas
partes picá-la
Com seu
ferrão soca-soca
E não é que
a dondoca
Duas vezes
não pensou
Correu lá
fora e pegou
O Baygon
inseticida
Uma
“sprayzada” em seguida
Que o quarto
incensou.
Quando vi
foi muriçoca
Fugindo pra todo
lado
E eu ficando
agoniado
Escondido em
minha toca
Minha
querida dondoca
Depois disso
se mandou
Para o
quarto só voltou
Com a enevoada cessada
E bastante
apressada
Sua cama
arrumou.
Foi montando
um mosquiteiro
Ligou um
ventilador
Que danado
soprador!
Ventilou o
quarto inteiro
Espalhou
todo o mau cheiro
Daquele
inseticida
Decretou
minha partida
Para o mundo
do além
Morri sem
tocar em quem
Desejei na curta vida.
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