sábado, 25 de abril de 2015
quinta-feira, 23 de abril de 2015
DESPREZADO
(Benildo Nery)
Por que diabos que você
Achou de ter me achado?
Meu coração tão trancado
Por que você destrancou?
Diz-me por que que entrou
Se não queria ficar?
Depois de me bagunçar
Diz-me por que foi embora?
E essa bagunça agora
Quem é que vai arrumar?
Por que diabos que você
Colocou-me lá num trono?
E depois com abandono
Pôs-se então a me tratar?
Queria me derrubar?
Era isso? Fala! Diz!
Como posso ser feliz
Depois disso tudo? Fala!
Ou quer me ver numa vala
Feito um mendigo infeliz?
Por que a minha cabeça
Você jogou pro espaço
Deixando todo em pedaço
O meu resto que ficou?
Será que você pensou
Que eu sou de pedra será?
Onde o meu eu buscará
Forças pra se recompor?
Me responda! Por favor!
Quem que o ajudará?
Por que diabos que você
Ainda sai comentando
Toda se vangloriando
Dessa sua crueldade?
Por que tamanha maldade
Lançada a um só vivente?
Se eu for sobrevivente
Como lidar com as sequelas?
Como irei me curar delas
Sem me tornar um demente?
Por que diabos que você
Veio o meu sono tirar?
Não consigo relaxar
Não almoço e nem janto
Ver-me sofrendo assim tanto
Era o que queria é?
No teu amor botei fé
Hoje eu estou lascado
Completamente arrasado
Por tua culpa "mulé"!
sábado, 18 de abril de 2015
O ERRADO QUE DEU CERTO
(Benildo Nery)
Saí em toda
carreira
Quando ela
me agarrou
E minha boca
beijou
Mas que
diaba mais ligeira!
Não me
barrou catingueira,
Facheiro nem
xique-xique
Fui
inteiriço num pique
Em meio de
pau e toco
Pense num
grande sufoco!
Quase que
tive um chilique.
Lá longe ainda
se ouvia
Toda
risadagem dela
Eu acho que
aquela “fela”
Me matar é o
que queria
Porque senão
não teria
Aprontado
isso comigo
Me pôs num
grande perigo
Frente a
minha reação
Pobre do meu
coração
Quase ficou
sem abrigo.
Ainda saiu
contando
Para toda a vizinhança
Dizendo: “pobre criança
Fugiu todo
se cagando
Quer saber?
Estou achando
Que ele não
gosta da fruta
Se gosta
porque reluta
Quando alguém
vai lhe beijar?
Ou ele está
a pensar
Que o meu
beijo tem cicuta!?
Me dá
pena... pobrezinho
Eu rio só de
lembrar
Quando é que
vai desasnar?
Fugir desse
seu mundinho
Danado tão
bonitinho
Mas é mole
até demais
Seus atos
não são iguais
Aos dos cabras
da sua idade
Sua
masculinidade
Não está
entre as normais.”
Sobre o
assunto namorar
Sempre tive
outra visão
Entregar meu
coração
A alguém só
quando amar
Nunca pensei
em ficar
Pra dizer
que estou ficando
Mas quando
fui escutando
Meu nome
feito chacota
Mostrei praquela
marmota
Com quem que
estava lidando.
Tomei banho
bem tomado
Roupa e
sapato botei,
Pus perfume,
me escovei
E saí todo
alinhado
Com meu
destino traçado
“Forró do
Pantaleão”
O melhor da
região
Que ela
muito frequentava
Com todos
homens dançava
Sua maior
diversão.
Confesso
quando cheguei
Estava muito
acanhado
Não estava
acostumado
Ali nunca
frequentei
Mas como um
plano tracei
Comprei logo
a minha entrada
Quando
entrei a danada
Já estava a
se requebrar
Pouco ia se
sentar
Jamais
ficava cansada.
Pedi um
refrigerante
Um copinho
fui tomando
Fiquei só
lhe observando
De forma bem
provocante
Foi quando a
meliante
Pro meu lado
dirigiu-se
Se aproximou
e disse:
Posso aqui
me sentar
Ou você quer
ir dançar?
Vou ali
volto já! Visse?
Fiquei
comigo a pensar:
Peste mais
oferecida
Ela que vem
e convida
O cabra para
dançar!
Mas hoje ela
vai pagar
A mim todo o
atrasado!
Quando virei
para o lado
Me esperando
ela estava
Com o
dedinho me chamava
Saí com ela
agarrado.
Ela era
dançarina
De forró
experiente
E eu ainda
inocente
Não tinha
dançar por sina
Quando tocou
Carolina
Senti o seu
acochar
No meu
ouvindo o fungar
Meu coração
fez tum-tum
Lhe abracei
e fiz... rum!
Lá no salão
a rodar.
Falou cá no
meu ouvido:
“Eu nunca te
vi aqui
Parece nem
ser daqui”
E eu
bancando o atrevido:
Não tenho me
divertido
Resolvi sair
então
Ficar em
casa dá não
Pensando em
te encontrar
Resolvi então
entrar
Aqui no
Pantaleão
Ai comecei
botar
O meu plano
em ação
Aquela
ocasião
Não pude desperdiçar
Pensei: quando
o som parar
E pintar o
intervalo
A puxarei
num embalo
Para um
canto reservado
Farei um
surrupiado
Tal qual
como faz um galo.
E assim aconteceu
Quando o
forró parou
Um pouco a
gente sentou
Umas geladas
bebeu
Eu nem sei
como desceu
Aquela coisa
amarguenta
Vinte e
cinco e cinquenta
A minha
conta paguei
Dali com ela
arranquei
Seguindo o
rumo da venta.
Paramos numa
casinha
Uma espécie
de galpão
Tum-tum-tum
meu coração
E ela toda
calminha
Pensei: essa
safadinha
Vai querer
me agarrar
É melhor eu
começar
Antes de
passar por mole
Dei bem seco
o quinto gole
Comecei
prosa puxar.
Papo vai e
papo vem
Dela fui me
aproximando
Cima a baixo
lhe olhando
Ali só nós
mais ninguém
Fiz dela
minha refém
Com um
arrocho da “bixiga”
Que parecia
uma briga
Ação de
grande perigo
Entre o
maior inimigo
E a maior
inimiga.
Seu pescoço
eu mordi
Mordi a sua
orelha
Tudo que me
deu na telha
No meu plano
investi
De nadinha desisti
Bem gostoso
lhe beijei
Sua roupa eu
tirei
Ali naquele
momento
Num ato bem
violento
Da danada me
vinguei.
Com a
“briga” terminada
Deu-se o caso
encerrado
Cada um para
o seu lado
Cada qual
sua morada
As horas já
avançada
O dia
amanhecendo
Eu tão cansado
só vendo
Tomei banho
e dormi
O novo dia
só vi
Quando
estava entardecendo.
Aí me veio a
lembrança
Daquela
noite passada
Noite em que
aquela danada
Viu quem era
a criança
Me contou a
vizinhança
Que o seu
papo mudou
Que ela
muito gostou
Da minha
pegada “impa”
Que tinha
sido supimpa
Que por mim
se apaixonou.
Confesso
também que eu
Acordei
pensado nela
Do amor que
fiz com ela
Quando fui
todinho seu
E o jeito
que ela se deu
Em mim ficou
registrado
Na minha
mente, gravado
Como um
filme sem fim
Meu coração disse
a mim:
Eu estou
apaixonado!
Outros
encontros tivemos
Conversamos
muito e só
Inclusive no
forró
Outras vezes
nós dancemos
Mas
acho... já foi, perdemos
A chance que
nos foi dada
Começou de
forma errada
Toda a nossa
relação
E sem ter
motivação
Parecia
encerrada.
Tempo
passou, fui embora
Voltei com
mais de dez anos
Casar não
pus nos planos
Não quis ter
uma senhora
O tempo que
estive fora
Não fiquei
com mais ninguém
Ela não
ficou também
Parecia me
esperar
Foi difícil
evitar
O reencontro
fez bem.
Um oi depois
um abraço
Nos demos um
certo dia
Pra mim foi
grande alegria
Tê-la de
novo em meu braço
Deu pra
sentir cada traço
Que tem o
seu corpo belo
Aí percebi o
elo
Que quase
nós destruímos
Daí então construímos
De sonho o
nosso castelo.
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