quinta-feira, 5 de novembro de 2015

AS VÁRIAS FACES DE UM NOME

(Benildo Nery)

 

Uns nascem pra ser José
Outras nascem pra Maria
Isso depende do dia
Ou do tamanho da fé
E às vezes depende até
Do certo grau de cultura
Ou até também da altura
Social que esse alguém tenha
Sendo assim não se desdenha
Da graça da criatura.

Vale que o nome é dado
No ato do conceber
Ou depois de se nascer
No ato do batizado
E será nesse traçado
Que a vida seguirá:
“Ô Maria venha cá!”
“José vê se te levanta!”
“Maria é uma santa!”
“Igual a José não há!”

O pior que ao olhar
Para a cara de alguém
Na nossa cabeça vem
Um nome pra lhe chamar
Corremos risco de errar
E isso é bem relevante
Já que no dado instante
Não se sabe a reação
Se ele gostará ou não
Se será algo irritante.

Às vezes se abrevia
O tal nome que foi dado
Na hora do batizado
Um apelido se cria
Lu é dado pra Luzia
E Biu para Severino
Antônio, Tonho ou Nino
Gegê dado pra Geraldo
Naldo para Ednaldo
E Leo para Leotino.

Isso pra citar somente
Os apelidos comuns
Sei que existem alguns
De um ouvir quase frequente
Frente a isso tenho em mente:
Quincas, Nenê e Piico
Sinho, Pipia e Tico
Têca, Tôta e Tonheca
Popa, Bilinho e Bileca
Beba, Tininho e Lico.

E não é raro encontrar
José com cara de Zé
Izabel com a de Zabé
Babá com a de Baltazar
Mar com a de Lindomar
Tina com a de Cristina
Silvia com a de Severina
Tita com a de Batista
E fechando essa lista
Carol com e da Carolina.

Mas por outro lado tem
Quebra de regra e então
Toda essa relação
Perde todo o seu amém
E quando o cristão vem
Pro mundo em dia sagrado
Mesmo por Santo marcado
O seu nome ele recebe
É aí que se percebe
O que é ser desregrado.

E o que se ver sendo assim
É o cabra ser João
E ser mais ruim que o cão
Um Abel ser um Caim
Macho com o nome Joaquim
Que anda todo remexendo
Outro por Pedro atendendo
Mas da igreja passa longe
Norberto que não é monge
O errado vive fazendo.

Tem muitas “santas” que nem
Ao menos da casa cuidam
Dos seus filhos se descuidam
E não ligam pra ninguém
Montes de Luzia têm
Mas não iluminam nada
Joana D’Arc desalmada
Que o coletivo esquece
Maria que não merece
Ser chamada Imaculada.

Mas também existe gente
Que não tem nome de santo
Mas se é mulher usa um manto
Se é homem é competente
Sempre tem o bem na frente
Trata os outros com carinho
É amigo e bom vizinho
Zela o seu matrimônio
Nasce para ser Antônio
Mas é chamado Serginho.
 

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