quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A "DERROTA" DE UM POETA

(Benildo Nery)

 

Um dia eu estava num bar da cidade
Tomando aquela cerveja gelada
Sentado do lado da rapaziada
De grande prestígio e capacidade
Cada um mostrando sua qualidade
Tratando de temas, assuntos diversos
Das Terras, dos mares e dos universos
E de vez em quando eu tomava a vez
E então demonstrando a minha altivez
Eu falava tudo em forma de versos.

Aí um sujeito que estava sentado
Que não entendia de merda nenhuma
Quando abria a boca falava uma ruma
De um converseiro bem desencontrado
Com a minha conversa ficou invocado
Porque vez em quando a turma aplaudia
E quando a vez dele somente sorria
Noutras vezes nem prestava atenção
Daí começou toda confusão
Que eu conto agora em forma de porfia.

Vieram pra mim assim perguntar:
Que graça tu achas em coisa de rima
Uma conversinha pra baixo e pra cima
Pra um lado, pro outro sem nunca parar
Enquanto tem gente que quer conversar
Sobre outras coisas tu vem com repente
Não vê que com isso desagrada a gente
Amigo me escuta, vê se te orienta
Senão desse jeito ninguém mais te aguenta
E acaba o banindo do nosso ambiente.

Confesso por isso fui surpreendido
E sem meias palavras tive que dizer:
Poeta amigo eu nunca quis ser
Mas por essa arte acabei seduzido
E a experiência que tenho vivido
Me faz ser um cara bem capacitado
Pra em todo local que estiver sentado
Não perder meu tempo ouvindo besteira
De um Zé Ruela que só diz asneira
Um ignorante, pequeno e tapado.

Eu trato de coisas que são relevantes
De forma completa e sempre rimada
Com muito requinte, bem metrificada
Coisa que só cabem aos que são gigantes
Defendo os bons, bato em meliantes
Respeito aquele que me respeitar
Converso com quem quiser conversar
Mas sempre mostrando que sou diferente
Pois sendo poeta gosto do repente
E amo a arte de improvisar.

Que culpa eu tenho meu caro colega
Se tua conversa não empolga a ninguém
Que por ser leseira ouvinte não tem
Carga negativa o que ela carrega
Por ser tão nociva somente trafega
A reles estrada da hipocrisia
Difere de quem usa da cortesia
Pra levar um papo bem extrovertido
Espalhando o brilho que está contido
Nos versos mais belos de uma poesia.

Se eu fosse você estaria calado
Não me meteria em nenhuma conversa
Pois só fala coisa vazia, dispersa
Bem própria de que não é “antenado”
Quem mandou você não ter estudado
Só levar seu tempo com onda de farra
Aí fica zonzo quando se esbarra
Com um cara letrado, com papo primeira
Na parte do tudo eu sou parte inteira
E você não passa de uma gambiarra.

Desculpa se eu estou sendo agressivo
Não costumo agir com tanta dureza
Mas é que você conseguiu a proeza
De hoje me tirar do estado passivo
Mediante isso você deu motivo
Pra nesse ambiente eu te maltratar
Levanta essa bunda da mesa do bar
Sai dessa disputa de quem bebe mais
Pois entrar no grupo dos sensacionais
Só indo sentar-se num banco escolar.

Aí sim terás meu maior respeito
Aí te darei ouvidos até
Mas antes o trato como um pangaré
Que nunca diz uma frase de efeito
Eu te abomino, eu não te aceito
Então é melhor você se calar
Não... acho melhor eu me levantar
E falei assim: Licença minha gente
Já que não me querem nesse ambiente
Licença, licença, vou me retirar!
 


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