(Benildo Nery)
O meu nome é
Severino
Filho de
Dona Luzia
Vim do
Sertão da Bahia
No rastro do
meu destino
Me orgulho
em ser nordestino
Nunca nego
isso não
Vou fazer
uma narração
Da vida que
estou levando
Morando e
trabalhando
Na casa de
um barão.
Cheguei
ainda bem moço
Na cidade de
São Paulo
Aproveitei o
embalo
Pra fugir do
alvoroço
Pois com a
corda no pescoço
Eu vivia em
minha terra
De lá do
alto da serra
Daquele
sertão baiano
Até o lugar
mais plano
A fome tudo
encerra.
Depois de
muita procura
Um emprego
arranjei
Ainda
titubeei
Mas vi que
aquela altura
Voltar pra
aquela “penura”
Não podia
nem pensar
Resolvi
aproveitar
Aquela
oportunidade
Em novembro,
mês metade
Comecei a
trabalhar.
No começo
estranhei
A vida de
novidade
Porque morar
em cidade
Grande eu
nunca pensei
Com esforço
me acostumei
Com o
trabalho e enfim...
Tá sendo bom
para mim
Estou quase
satisfeito
Sou tratando
com respeito
Pela família
Amorim.
As minhas
obrigações
Eu faço sem
reclamar
Todo o
jardim limpar
Zelar das
instalações
Limpar
piscina, portões
Com sorriso
sempre exposto
Demonstrando
ser disposto
Nada deixo
na metade
Com Bom Dia!
E Boa Tarde!
De
manhãzinha ao sol posto.
Sou bastante
dedicado
Sei bem qual
o meu dever
Mas uma que
vou fazer
Neste
momento chegado
Me deixa
muito irritado
Basta
somente pensar
É de tarde
passear
Com o danado
de um cão
“Des’tamanho”...
Oh! O bichão!
Até ele se
cansar.
O bicho é
muito forte
Só falta me
derrubar
Nele pode se
montar
Que ele
serve de transporte
Leva
qualquer um pro Norte
Servindo de
montaria
Juro com ele
eu iria
Rever meus
pais e irmão
E os amigos
do torrão
Da minha
amada Bahia.
As patas
dele parecem
Com as de um
elefante
Ou de outro
bicho gigante
Desses que
poucos conhecem
Quando ele
pisa elas descem
Deixando
marcas no chão
Tais pegadas
de dragão
Vistos nos
contos de fada
Ou então
pelas deixada
Na África
por um leão.
Uma cabeça
enorme
Que parece
com a de touro
O seu pelo e
seu couro
Sedosos e
uniforme
Tudo nele é
conforme
Seus traços
e sua raça
Nunca
servirá pra caça
Pois toda
estraçalharia
Seria até
covardia
Botá-lo pra
sentar praça.
Tem que ver
o que ele come
Bife de filé
mignon
Ração marca
ChiqueBon
Um saco em
um dia some
A água que
ele consome
É só água
mineral
Parece ser
anormal
Eu também
pensava assim
Hoje tem
sido pra mim
Tudo mais do
que normal.
O seu latido
parece
O estrondo
de um trovão
Ele solta
aquele "uivão"
Chega a
terra estremece
Tem gente
que até faz prece
Se benze ao
vê-lo passar
Eu peço pra
se afastar
E todos vão
se afastando
E ele sai
desfilando
Quase a me
arrastar
Vez em
quando eu me lembro
Do meu
cachorro Bidu
Caçadorzinho
de tatu
Que da
família era membro
De dezembro
a dezembro
Era grande
companheiro
Pequenino,
batateiro
Louco por
cuscuz e ovo
Que só latia
pro povo
Que chegava
no terreiro.
Mas lembranças
são lembranças
“Viva a
realidade!”
Hoje aqui
nessa cidade
Sigo a
nutrir esperanças
Espero venha
bonanças
Que chova no
meu rincão
Que molhe
aquele torrão
Que a vida
vá florescendo
Enquanto vou
convivendo
Com o cachorro do Barão.
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