Nunca gostei
de arenga
Cum home nem
cum muié
Mai num é
que Seu Mané
Cabra véi
todo capenga
Vei c’uma
cara de quenga
Chei de
quizila pra mim
Dixe assim
desse jeitim:
- Você é um
sem futuro
Mijô no pé
do meu muro
Ao sair do
butiquim!
Num teno cuipa
em cartoro
Continuei em
linha reta
Cum a cabeça
bem ereta
Sem ligá pro
falatoro
Quando intão
Isidoro
Meu cumpade
de cachaça
Me alertô
achano graça
O véio fala
cuntigo
Vai aguentá
meu amigo?
Mostra logo
a tua raça!
E eu cuma já
estava
Com os corno
chei de cana
Agi todim um
sacana
Ao vê que de
mim tratava
O que o véio
falava
Gritei ligero
e vorai
Quem mijô
foi Satanai
Seu babaca
retardado
Se sô eu
tinha cagado
Home
sustenta o que fai!
Me respeite
meu amigo
Tenha mai prucidimento
Num diga que
sô nojento
Num aja
assim cumigo
Nunca temi a
castigo
Bebo proquê
sei bebê
Digo um
negoço a você
Sua idade
avançada
O livrô das
burduada
Poi eu num
vô le batê!
Mai o sinhô
bem merece
Uns tapa no
pé d’uvido
Agi feito um
atrivido
Aí cheim de
istresse
Esse home aqui
num carece
Desse home
aí pra nada
Nem vive de
presepada
Bebe só pro
divessão
Fique frio
meu patrão
Dexe dessa
paiaçada!
Aí Seu Mané
mudô
Sua
fisionomia
Seu grito
longe se uvia:
- Iscute
aqui meu sinhô
Num respeito
nem dotô
E nem as
auturidade
Que dirá uma
metade
De titica de
cachorro
Cabra que
num vale um “Zorro”
Bandido sem
qualidade!
Respeito
ixijo eu
Seu
cafajeste sacana
Vai inchê o
cu de cana
Pra dispoi
vim zombar deu
Dobre a
língua, infie o seu
Rabinho no
mei das perna
Moro nessa
casa derna
Isso aqui
nem rua era
Hoje vem um besta
fera
Na minha
casa e me inferna!
Vê se me fai
um favô
Se suma da
minha frente
Senão eu le
quebro os dente
De pau se
preciso fô
Um velhinho
eu já sô
Mai ainda
honro os cacho
Vá simbora ô
le esculacho
Num ligo a
idade que tenha
Qué vê eu
metê-le a lenha
Pra mostrá cuma
sô macho?!
E garrôsse
de um porrete
Que tinha
detrai da porta
Vi-me uma
pessoa morta
Ao vê aquele
cacete
Dei de mão
do capacete
Que Isidoro
levava
Quando dei
fé já istava
Sintino o
peso do toro
Fei carrera
Isidoro
Que nem bala
le pegava.
E Seu Mané
só mandano
Porrada de
todo lado
Eu tão bebo,
tão melado
Para trai ia
pulano
Foi quano
entrô um fulano
Bem no mei
da confusão:
- Seu Mané
faça isso não!
Ele já está
rendido
Já deve tê
aprendido
Essa pequena
lição!
Aí Seu Mané
parô
Com aquela
pancadaria
Nesse istante
eu num sintia
Nada mai
além de dô
Inda bem que
ele iscutô
O pedido do
fulano
Mermo assim
ficô falano
Bem arto p’reu
iscutá:
-Vá simbora
agora vá
Vorte pro
qui com cem ano!
Num passe
aqui de pé,
De bicicreta
nem moto
Sinão os
cachorro eu sorto
Isteja com
quem tivé!
Tô dizendo e
dô fé
Nunca aguentei
insurto
Basta eu só
vê seu vurto
Que istarei prerparado
Pra dexá-lo
assim quebrado
Cum esse meu
porrete curto!
Daí eu me levantei
Saí todo
trabecano
No caminho
fui pensano
No que
danado arrumei
Isidoro
procurei
Busquei uma
expricação
Preguntei quá
a razão
Dele tê me
abandonado
Na increnca
tê me jogado
E fugi sem
direção.
Ele vei c’umas
cunvessa
Que em nada
me agradô
Mai de lá
pra cá mudô
A minha vida
azavessa
Hoje num
entro mai nessa
De tumá cana
em buteco
E nem de sê
mai buneco
De amigo
increquero
Nem gasto
mai meu dinhero
Secano e
incheno caneco!
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