quarta-feira, 9 de setembro de 2015

MAIS UM GALOPE A BEIRA MAR

(Benildo Nery)

 

Eu canto o amor, eu canto o carinho
Também canto o ódio e a malvadeza
Canto a traição e a safadeza
O acompanhado e o ficar sozinho
Canto a roseira, a flor e o espinho
Canto tudo quanto pedir pra cantar
Malvadeza, ódio, carinho, amar
A flor, o espinho, o acompanhado
A dor do traído, ato do safado
Nos dez de galope na beira do mar

Eu canto a cidade, a zona rural
O comerciante, o agricultor
O povo que luta, canto o sofredor
Canto o liberto eu canto o curral
Eu canto o que é feito, canto o natural
A troca, a venda eu canto o comprar
A sede, o sitio, a roça o plantar
O choro bem preso do enclausurado
O grito bem solto de um libertado
Nos dez de galo na beira do mar.

Eu canto a dúvida, eu canto a certeza
O ontem, o hoje, e o daqui a pouco
Eu canto o são, também canto o louco
Canto o retirante e canto a nobreza
Eu canto o canhoto e a sua destreza
Canto quem é mudo, eu canto o falar
Eu canto a Terra suspensa no ar
Eu canto o sobe e desce da maré
Canto a prostituta e a Virgem da Sé
Nos dez de galope na beira do mar

Eu canto o que doce, o que alimenta
Canto o azedo e canto o salgado
O quente bem quente, eu canto o gelado
O que come pouco e não se contenta
Canto o mentiroso que tudo inventa
Canto o falador e o que quer calar
Eu canto o namoro, eu canto o ficar
Eu canto a batida de um coração
A rima, o verso de uma canção.
Nos dez de galope na beira do mar.
 
Eu canto a seca e a invernada
A noite, o dia, manhã bem cedinho
O além do bem longe e o bem pertinho
O chão do deserto e a mata fechada
E do peregrino canto a caminhada
Do que quer sossego canto o sossegar
Dos bichos de asas eu canto o voar
E do mergulhar canto a profundeza
Do grande infinito eu canto a beleza
Nos dez de galope na beira do mar.

Eu canto a velhice, canto a juventude
Eu canto a ciência, canto a medicina
As drogas nocivas, a penicilina
Eu canto os prazeres de ser ter saúde
Eu canto o casal igualzinho a grude
Eu canto os anos sem se separar
Eu canto o cheirinho de algo no ar
Canto a procura por algum suspeito
Eu canto a honra, eu canto o respeito
Nos dez de galope na beira do mar.
 


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