quinta-feira, 24 de setembro de 2015

UM NEGÓCIO SEM FUTURO

(Benildo Nery)


Como diz o Jessier
Quirino grande poeta:
Não terá como não ser
Coisa de um grande pateta
Um cabra velho barbado
Que mal carrega seu fardo
Tendo a idade inimiga
Cismar que é garotão
Dar uma de garanhão
Investindo em rapariga.

Com Jessier eu concordo
Seu argumento é claro
Muitos exemplos recordo
Já que não é caso raro
Aqui mesmo na cidade
Cabra de capacidade
Ao invés de tá descansando
Deixa em casa a “mulé”
Na estrada empurra o pé
Com rapariga “farrando”.

É forró, é bebedeira
E outras coisitas mais
Ela toda bandoleira
E ele afoito demais
Às vezes desprevenido
Esquece do comprimido
Azul e da camisinha
Mas mesmo assim vai em frente
E por se achar potente
“Tome peia danadinha!”

Quando volta é cansado
Com um, dois dias ou mais
O bolso esvaziado
Com apenas alguns reais
Dá fé a quenga ligando
Com voz mansa perguntando
Quando vão sair de novo
E ele a desconversar
Da mulher a disfarçar
Com a cara de papa ovo.

“Não sei dizer se deu certo
Aquele negócio não
Tinha muito gente perto
Tá ruim a ligação...”
Só escuta, pouco fala
Da cozinha para a sala
Da sala para o terreiro
Deixa tudo combinado
Hora e local marcado
Bem traçadinho o roteiro.

No começo a rapariga
Não faz nem muita questão
“Quando tu puder me liga!”
E encerra a ligação
Depois de um tempo passado
É igual chicle grudado
Na roupa do infeliz
Saiba que essa é a sina
Do cabra que desatina
A viver com meretriz.

 Aí começa a seguir
O cabra pr’onde ele vai
Nadinha vai influir
Se de família ele é pai
Ela quer é curtição
Encena a demonstração
Que está apaixonada
E ele todo lesado
Quatro pneus arriado
Pela sua puta amada.

Em seguida vai pedindo
Um e dois e mais presente
E ele se iludindo
Feito um adolescente
Um perfume, roupa nova
Seu guarda roupa renova
Joia de ouro e sapato
Não questiona o apelo
No salão unha e cabelo
E ele pagando o pato.

Quando avista o abestado
Com a família a passear
Fica com um acenado
Para a atenção chamar
E a sua esposa coitada
Que já tá desconfiada
Dispara com uma arenga
Dizendo: eu vou embora
Para não quebrar agora
A cara daquela quenga!”

E ele todo pomposo
Estufa aquele peitão
Se sentindo o mais gostoso
Elegante e bonitão
Joga a biscate no carro
Lá dentro já tira um sarro
E arranca em disparada
Passa a noite rodando
Bem longe e só vai parando
Num motelzinho da estrada.

Esse rojão vários meses
Enfraquece o idiota
Se transava várias vezes
Agora só fecha a cota
A ereção fica feia
O dinheiro escasseia
A quenga já lhe esqueceu
Vai atrás de outro bundão
E ele pagando pensão
De um bruguelo que nasceu.

Em casa já não tem paz
A mulher não o respeita
Tudo o quanto ele faz
É motivo de suspeita
O filho lhe ignora
Arrependido ele chora
Tal menino desmamado
A todo instante uma briga
Por causa de rapariga
Ele ficou foi lascado.


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