(Dalva Santos)
Não existe
coisa pior
Pra atormentar
um vivente
Uma catraca estalando
Saindo fora
a corrente
Uma tosse
seca e rouca
No meio de muita
gente.
Uma noite
escura e quente
E cheia de muriçoca
Um gato atrás
de casa
Namorando uma
maroca
Um cachorro velho
uivando
Lá no terreiro
de coca.
Uma coruja
piando
Lá no mourão
da porteira
O rasga
mortalha passando
Por cima da cumeeira
E um menino
chorando
Abusando a
noite inteira.
Ratos roendo
nas telhas
Carrega o milho
e o feijão
Um bêbado dentro
de casa
Só falando
palavrão
E uma
barriga inchada
Sem poder
soltar rojão.
Umas galinhas
gritando
Lá dentro do
galinheiro
Com um timbu
escolhendo
Pra ver qual
pega primeiro
Um porco novo
chiando
Pra se livrar
do chiqueiro.
Do sábado para
o domingo
Faltar feijão
e farinha
Coloral café
e sal
Ter que pedir
na vizinha
E o bujão do
fogão
Faltar gás de
manhãzinha.
E de uma
tacaca o cheiro
Vindo da
porta da frente
Se você
tiver deitado
Se levantar
de repente
Duvido que
essas coisas
Não atormente
um vivente.
Uma mulher
ciumenta
Um marido namorador
Preguiçoso e
enrolão
E por cima
ruim pagador
Uma vizinha
encrenqueira
E um bode
reprodutor.
Uma hospital
sem doutor
Sem remédio
e injeção
Segurança na
cidade
Sem arma e
sem munição
Empurrando a
viatura
Pra ir atrás
do ladrão.
Tem tanta
coisa que a gente
Aguenta porque
é jeito
Outros porque
se acostuma
É o caso do preconceito
Corrupção e
mentira
Não concordo,
mas respeito.
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