quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

FESTA DE REIS

(Benildo Nery)


Eu já ganhei roupa nova
Igual a do meu irmão
Não posso reclamar não
Senão eu levo uma sova
Ele também não aprova
Mas é melhor relaxar
Mais tarde vamos estar
Bem felizes outra vez
Curtindo a Festa de Reis
A melhor desse lugar.

Vamos mesmo sem sapato
Eu meu irmão e a mana
De chinela Havaiana
Até que é um barato
Usar sapato é chato
E uma grande besteira
Se coçar minha frieira?
Se o dedão apertar?
Pra casa eu vou voltar
E perder a festa inteira!

Minha mãe já se aprontou
Meu pai e irmãos também
Pra lá da linha do trem
Daqui a pouco eu vou
Parece que vendo estou
As barracas já montadas
Todas elas enfeitadas
Pessoas indo e voltando
Uns vendendo outros comprando
Nas ruas movimentadas.

Tem uns que vedem rosquinha
Aratu, pão e cocada
Pipoca amanteigada
Refresco de garrafinha
Bolos diversos, coxinha
Boneca de pano e plástico
Bonequinhos num elástico
Só subindo e descendo
Amigo só você vendo
Como isso aqui é fantástico!

Doces, balas, alfenim
De formatos variados
Ali mesmo devorados
Pelos outros não por mim
Com os meus faço assim
Boto debaixo da “asa”
Só vou consumir em casa
Pedacinho em pedacinho
Num reservado sozinho
Soprando só minha brasa.

Balões de gás coloridos
Em forma de animais
Coisa bonita demais
Rapidinho são vendidos
Dia seguinte explodidos
Tome choro, tome pranto
“É que o dele durou tanto
E o meu não durou nadinha
Que falta de sorte a minha
Deixe eu quieto no meu canto!”

Os adultos se entretém
Nas mesas de carteados
Nos dados que são rolados
Sem ganhar nenhum vintém
No meio da rua tem
Uns joguinhos de laçar
Outro de bola chutar
Pra derrubar os canecos
E tem tiro nos marrecos
Na barraca de atirar.

Pra quem gosta de dançar
Tem forró em cada esquina
E só ligar as turbina
E uma dama agarrar
Vai até o Sol raiar
No compasso da paixão
Embalando o coração
Só no balançar da pança
E fazendo dessa dança
Uma grande diversão

Mas a parte que me chama
A maior da atenção
É o parque de diversão
Esse todo mundo ama
Toda criança ao pai clama
Por ser muito eletrizante
Daquela roda gigante
No alto ver a lagoa
Ou balançar na canoa
Num balanço emocionante.

Eita! Me lembrei da hora!
Já me bate uma tristeza
Nós vivemos na pobreza
É hora de ir embora
Não podemos ter demora
Muito nós já passeamos
Nada nada nós compramos
Meu pai nadinha jogou
Nenhum de nós não lanchou
Os brinquedos só olhamos.

A festa já acabou
Nós já estamos em casa
Nadinha na minha “asa”
O Sol alto já raiou
Meu balão não estourou
Não me lembro mais de nada
Não tem rua enfeitada
Nem pessoa transitando
Acho que eu estava sonhando
Com essa festa animada.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é muito importante para nós. Deixe seu comentário criticando ou dando sugestões.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...