quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Oh, "SUÍÇA DO AGRESTE"!

(Benildo Nery)

 

Um vilarejo cercado
Por mais de uma lagoa
Teve e foi uma boa
Seu território cortado
Por trilhos e o trem lotado
De mercadoria e gente
E numa escala crescente
Deu-se a povoação
Formando a população
De um povo humilde e valente.

Que povo de um coração
Gentil e hospitaleiro
Que se entrega por inteiro
A uma recepção
Visitante em nosso chão
Senta, come, bebe e deita
Toma banho, se deleita
Respira o mais puro ar
Sem convite pra voltar
Voltar ele sempre aceita.

Povo que viu desfilar
O poeta violeiro,
A sanfona, o forrozeiro
O artista popular,
Como deixar de lembrar
Os aboios e cabeçadas
Em noites alumiadas
Boi de Reis e João Redondo
Na rua, em salas expondo
Shows que arrancavam risadas.

De dezembro a dezembro
As noitadas ao luar
Das rodas de cirandar
Ainda hoje me lembro
Vez em quando eu relembro
Histórias que eram contadas
Pelos jovens escutadas
Fábulas e de trancoso
Da boca do mais idoso
Muito, muito apreciadas!

Lembro dos banhos, braçadas
Na lagoa principal
Do correr no matagal
Da pesca e das caçadas
Das paqueras nas calçadas
Sem querer tão cedo entrar
Para não desperdiçar
Nenhum minuto de hora
Mas bem triste ir embora
Ao ver a hora avançar.

Riquezas foram geradas
Pela sua produção
Das lavouras de algodão
Às noites de farinhadas
E outras culturas plantadas
Feijão, batata e milho
Que sustentou cada filho
Desse lar mais que amado
De um solo abençoado
Que nos seus caminhos trilho.

Quanto tempo já passou
Oh, minha terra querida!
Como mudastes de vida
Muito teu se transformou
Muita coisa se findou
Muita coisa se perdeu
Dele, dela, meu e seu
Foi deixada para trás
Mas tem coisas que jamais
Nosso povo se esqueceu.

Festa de Reis em janeiro
Aquela mais esperada
O esporte de vaquejada
Pontuais o ano inteiro
E no mês do padroeiro
A fogueira em chama acesa
As novenas... que beleza!
Feitas no Mês Mariano
Junta fulana e fulano
Sem riqueza e nem pobreza.

Cada rua em que passamos
Tem nossas marcas marcadas
Seja em simples caminhadas
Ou quando nós pedalamos
Pedrinhas e pó levamos
Nesses diversos momentos
Da terra ou dos calçamentos
Sim! Sim! Isso é possível!
Nos pés, não perceptível
Mas em nossos pensamentos.

Oh, minha terra querida
Entrelaçada estás
Com cada um que aqui jaz
E com quem está com vida
Com quem está de partida
E com quem está voltando
Com quem já está morando
E com quem irá morar
Com quem respira o teu ar
Feliz em está respirando.

Tu te confundes com cada
Pedaço desse teu chão
Do mais humilde rincão
A área mais abastada
Cada rio, açude, estrada
Sob o teu azul celeste
De norte a sul, leste e oeste
Fazem jus a tua história
Viva na nossa memória
Oh, "Suíça do Agreste"!

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