(Benildo Nery)
Deus criou o
ser humano
E deu-lhe o dom
de pensar,
De estudar e
analisar
Todos os
dias do ano
Num esforço
sobre-humano
Assim ele
está agindo
Pesquisando
e descobrindo
Cura pra
doenças mil
Lá fora ou
cá no Brasil
Remédio
sempre é bem vindo.
Porem há tantas
mazelas
Que cura
ainda não tem
Quando certa
cura vem
Deixa um
monte de sequelas
Piores do
que aquelas
Sentida
anteriormente
Restando ao
ser somente
Esperar cura
sagrada
E trilhar
sua estrada
Numa vida
aparente.
Geraldo de
Santa Rita
Um fino
paraibano
Pôs em
prática um plano
Casou com
Maria Anita
Moça jovem
tão bonita
Quanto uma
flor de açucena
Calma,
tranquila e serena
E outras
qualidades tantas
Que estaria
entre as santas
Aquela linda
pequena.
Nos dias
subsequentes
Ao tão
sonhado casório
Foi do jeito
do cartório
Jurado
frente aos presentes
Relações de
amor bem quentes
Companheirismo
total
Pense num
lindo casal!
Que aqueles
dois formavam
Parecendo
que habitavam
Um planeta
surreal.
Meses, anos
se passaram
Dessa vida
rotineira
Companheiro
e companheira
Nenhuma vez
se afastaram
Nunca soube
que brigaram
Discutiram
ou coisa assim
Nunca pensei
que um fim
Teria esse
casamento
Quando soube
no momento
Foi surpresa
para mim.
Por ser
grande amigo meu
Fui
conversar com Geraldo
Tipo fazendo
um rescaldo
Do clima que
aconteceu
Ele até que
me entendeu
Fui muito
bem recebido
Ficou muito
agradecido
E eu num tom
bem agudo
Lhe disse:
me conte tudo!
Deixe tudo
esclarecido!
Ele
respondeu num tom
De voz
bastante baixinho:
“Meu caro e
nobre amiguinho
Vida a dois
é muito bom
Mas quando o
mel do bombom
Se esgota aí
já era
Parece que a
Besta Fera
Dá um coice
e tudo espalha
E o Diabo
com uma navalha
Nesse caso
aí impera.
A gente
vivia bem
Num ambiente
amoroso
Eu nunca fui
vaidoso
E ela nunca
foi também
Mas não é que
um dia vem
O Cão pra
atazanar
Tive que ir
trabalhar
No ramo de
construção
Daí nossa
relação
Começou se
transformar.
Eu passava a
semana
Trabalhando
de pedreiro
Dormindo lá
no canteiro
Pra poder
levantar grana
Pra uma vida
bacana
A gente
poder levar
Ia segunda e
o voltar
Somente na
sexta feira
E ela com
uma besteira
Danada a
reclamar.
Depois de um
tempo passado
A reclamação
cessou
Ela se
reanimou
Sorria pra
todo lado
Até que um
dia eu deitado
Percebi algo
estranho
Tomei um
susto tamanho
Me levantei sem
demora
E corri naquela
hora
Pro banheiro
tomar banho.
No lugar que
eu estava
Bem deitado
e relaxado
Algo ficou
espalhado
E quanto
mais se espanava
Mas aquilo
se espalhava
Era algo poeirento,
‘Migalhoso’,
branquicento,
Leve com o
vento se ia
Gritei chamando:
Maria,
Veja que
troço nojento!
No banheiro
eu esfregava
Com toda
força do mundo
Pense num
troço imundo
Shampoo,
mais shampoo botava
Mas aquilo
não parava
De soltar-se
da cabeça
Com quem for
que aconteça
Como eu se
assustará
Nesse mundo
não terá
Quem tal castigo
mereça.
Parei o
banho e corri
No meu
quarto me sequei
O cabelo eu
penteei
Em seguida
eu dormi
De
manhãzinha eu senti
Que o troço
tinha aumentado
O pente que
tinha usado
Estava cheio
daquilo
Eu tentei
ficar tranquilo
Mas fiquei mais
assustado.
Cheia de
enorme bondade
Maria fala
mansinha:
‘Segunda de
manhãzinha
Buscaremos
na cidade
Um doutor de
qualidade
Para a gente
consultar!’
E para me
acalmar
Ela disse
bem assim:
‘Não deve
ser nada ruim
Logo isso
vai passar!’
Mais calmo o
dia passei
Em casa o
tempo inteiro
No espelho
do banheiro
Muitas vezes
me olhei
A cabeça não
cocei
Pois o medo
não deixou
Quando a
segunda chegou
Fui ao
doutor na cidade
Depois de
uma eternidade
De espera me
examinou.
Perguntas
fez pra danado
E eu claro
não fiquei mudo
Fui
respondendo a tudo
‘É solteiro
ou casado’
Depois todo
aparelhado
Sentiu minha
pulsação
Escutou meu
coração
Disse estar
tudo normal
Voltou-se
então ao local
Fez outra ‘examinação’.
Lavrou de
forma incontida
Com uma
letra esgarranchada
Uma ‘listona’
danada
E me
entregou em seguida
Dizendo: ‘faça
partida
Para um
laboratório
Tem um perto
do cartório
Vá logo!
Faça carreira!
Quando for
segunda feira
Volte aqui
no consultório!’
E sem nenhum
‘lengo-lengo’
Fui ao local
indicado
Numa maca
fui deitado
Daí rasparam
meu quengo
E eu
quietinho, não arengo
Quando é
para o meu bem
Tiraram
sangue também
Terminou e
sem demora
Fui pra casa
àquela hora
Voado com
mais de cem.
Cheguei em
casa Maria
Com umas
camaradagem
Me abraçou,
me fez massagem
Com a maior
alegria
Passamos o
resto do dia
Só nós dois,
só ‘frescurando’
Acho você tá
notando
Que enquanto
se ‘frescurava’
Minha Maria
estava
Com seu bem
me acalmando.
Com dois
dias fui pegar
Dos exames o
resultado
E no tal dia
marcado
Ao doutor eu
fui mostrar
Ele ao
analisar
Nos meus
olhos me olhou
E em seguida
falou:
‘Suas taxas
estão normais
Quanto a
cabeça rapaz
Agora me
embaralhou.
Acho melhor
você ir
A um
dermatologista
Sendo
especialista
Só ele irá
conseguir
O que é isso
descobrir
E ao
diagnosticar
Um
tratamento apontar
Com uma
maior segurança
Não perca a
esperança!
Cura se vai
encontrar.
Fui ao
dermatologista
Como o
doutor falou
Este já me
encaminhou
Pra outro
especialista
Mais outro,
acresceu a lista
E eu rodando
e gastando
E o troço só
aumentando
Cada dia que
passava
Confesso que
eu já estava
Louco, me
desesperando.
Fiz promessa
para os santos
Fiz consulta
a feiticeira
Despacho com
macumbeira
Aqui e em
outros cantos
Chorei, de
ficar em pratos
Mas de nada
adiantou
Foi quando a
gente achou
De uma forma
bem dura
Que nunca
teria cura
Esse mal que
pegou.
Larguei minha
profissão
Me isolei de
todo mundo
Sentindo-me
um imundo
Passei viver
sem ação
Às portas da
depressão
Estive por
um momento
Foi quando
um medicamento
Me livrou do
desengano
Doutor José Galeano
Me indicou o
tratamento.
Eu lhe
contei o meu caso
Lhe deixei interessado
Em buscar um
resultado
Pra me tirar
do arraso
Quando
encontrou sem atraso
Mostrou-se
ser solidário
Com a mão no
meu prontuário
Com voz
firme e segura
Me disse: ‘tá
aqui a cura!’
O doutor
veterinário.”
Da cadeira um
pulo eu dei
Quando ele
assim falou
O meu corpo
se abalou
De novo eu
lhe perguntei
Quando de
novo escutei
Meu juízo
deu um nó
Juro pela
minha vó
Quase que
caio pra trás
Quando ele
disse: ‘rapaz
Seu problema
é chifre em pó!’
A cura foi dar um couro
E mandar
Maria embora
Aquela peste
caipora
Tava me
fazendo um touro
Era um falso
tesouro
Infeliz sem
consciência
Fingindo
benevolência
Sem pena só
me chifrando
Mas esse mal
tá passando
Graças a vasta ciência!”
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