Eu ainda
menino inocente
Respeitava
o barulho do trovão
Sem
jamais sentir medo do clarão
Nessa
lógica invertida inconsciente
Mas, o
medo passava e de repente
Bem
cedinho eu ia com certeza
Recolhendo
piabas na represa
Que pelo
sangradouro iam subindo
Cada dia,
vivendo e refletindo
Aprendi
respeitar a natureza.
Em
seguida, cessando a invernada
No
Nordeste se refaz a quentura
Eu saía
pra pegar tanajura
Regressava
com a janta assegurada.
Que
delícia depois de preparada,
Mãe
servia com tanta sutileza
Era a
fome vencida e com grandeza
Saciado
eu dormia um sono lindo
Cada dia,
vivendo e refletindo
Aprendi
respeitar a natureza.
Em
seguida se via no serrote
A
paisagem florir, mudar de cor
A fartura
chegando e com amor
Se criava
miunças e um garrote
No terreiro,
peru, galo e capote
Para nós
era título de nobreza
Era nossa
família, a realeza
E cada um
ia assim contribuindo
Cada dia,
vivendo e refletindo
Aprendi
respeitar a natureza.
Se vivia
ali como magia
Era tudo
simplório e natural
Mas, pra nós,
tudo aquilo era normal
O luar
era nossa energia
Nossa
fonte maior, a luz do dia
Nos
mostrava um cenário de beleza
E na
mente surgia a fortaleza
Do
caráter que eu ia construindo,
Cada dia,
vivendo e refletindo
Aprendi
respeitar a natureza.
Vi na
terra, as sementes plantadas.
O milagre
do pão multiplicado.
Na
colheita, o sonho saciado.
Na
partilha, o perdão do meu pecado.
Vi na
sorte ... o suor derramado.
Na
trapaça, a derrota e a frieza.
Vi na
morte, o temor e a incerteza
E vi na
fé nossa razão sucumbindo
Cada dia,
vivendo e refletindo
Aprendi
respeitar a natureza.
Simplesmente lindo! Parabéns poeta!
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