quarta-feira, 30 de outubro de 2013

AQUILO QUE MAIS ODEIO

Autor: Benildo Nery

Se você me perguntar
Responderei num segundo
As coisas que nesse mundo
Aprendi a odiar
Acho melhor anotar
Pois não direi novamente
Se quiser grave na mente
Mas atenção redobrada
Já que às vezes essa danada
Gosta de trair a gente.

Fome, miséria, pobreza
Comodismo e preguiça
Impunidade, injustiça
“Pãodurice” e avareza,
Medo, pavor e fraqueza,
Falsidade, traição,
Roubo e corrupção.
A ira, a raiva, a fúria
A mentira a injúria
Inveja e ambição.

O desprezo, o descaso,
Abandono, rejeição.
Aquela situação
Que se diz: foi por acaso!
Promessa que não tem prazo
Mesmo não sendo a primeira
Esperar a vida inteira
A beirada do caminho
O viver só, bem sozinho
Sem ter uma companheira.

Demência e maluquice;
Gente que não tem noção
Que excede a depravação.
Babão e “puxassaquice”
Fofoca, disse me disse
O tal do: ouvir dizer...
O não ter o que fazer,
O estar desocupado.
E o cabra realizado
Que vive a se maldizer.


A demora em fila, espera.
O lerdo e sua lerdeza.
O oposto da boniteza
A crença na besta-fera
O servidor que não gera
Na empresa só dar furo
Sair andando no escuro
Segurando um cacete
Inda pisar num tolete
Cagado num pé de muro.

Bucho inchado, caganeira
Incontinência urinária
Frivioco, urticária
Labirintite, tonteira
Aquela tosse igrejeira
Que rasga toda a goela
Dor nos peitos, na titela
E no tal de dente queiro
Dor que dói o corpo inteiro
Um machucão na canela.

Um escorregão na lama
Ou em bosta de animal
Tropeção em pedra, em pau
Ou em maliça de rama
Aquele tombo da cama
Dessas chamadas beliche
Ou em casa de trapiche
A cabeça no telhado
Ficar com o quengo inchado.
E ainda ouvir um vixe!

Uma unha encravada
Naquele dedão do pé
Sovaqueira e chulé
Numa sala apertada.
Cantador sem cantar nada
Somente o decorado
Mas doidinho aperreado
Querendo logo dinheiro
Inda diz pro companheiro
Oh povinho amarrado!


Dormir em rede mijada
Com um lençol bem pequeno
Sentir o frio sereno
Durante a madrugada
E quando a manhã chegada
Não querer se levantar
O cheirinho pelo ar
De mijo azedo, vencido
E a mãe no pé do ouvido
Mandando banho tomar.

A mentira descabida
Em tempo de eleição
O político espertalhão
E de cara deslambida
Cabra de leitura lida
Nos manuais da “roubice”
E que faz da canalhice
Sua lição principal
Tremendo cara de pau
Reizinho da safadice.

Vizinha língua comprida
Faladeira e fofoqueira
Aquela bem barraqueira
Afoita e atrevida
Que não vive a sua vida
Só liga pra do vizinho
E leva o dia todinho
Porta em porta e calçada
Em casa nunca faz nada
Oh pedaço de povinho!

Mas eu preciso parar
E digo neste momento
O ódio é um sentimento
Que também vou odiar
Então pra não complicar
E não encerrar agora
Neste momento e hora
Pra quem esse verso ler
Vamos então escrever
Sobre o que a gente adora.




 






4 comentários:

  1. Parabéns grande Benildo!
    Muito bem feito o trabalho li mais de uma vez. Muito bom mesmo. Muito poeta dito grande não faria melhor.

    ResponderExcluir
  2. Um elogio vindo de um poeta da sua estirpe Juca Santos serve, simplesmente, de combustível para mover o motor do nosso projeto. Disse NOSSO hein?! Espero as sua obras para futuras (breves) publicações.

    ResponderExcluir
  3. Respostas
    1. Ficamos felizes em ver o nosso trabalho sendo lido por pessoas que realmente gostam da poesia. Obrigado Maria de Lourdes!

      Excluir

Sua opinião é muito importante para nós. Deixe seu comentário criticando ou dando sugestões.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...