segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

NATAL ONTEM E HOJE

(Kynheo Ferreira)


Contam os quatro evangelhos

a história de Jesus

nascido lá no deserto

se fez o senhor da luz

foi morar em Nasaré

insuflou o culto a fé

findou pregado na cruz.

 

Na noite do seu Natal

tudo ficou diferente

pastores foram avisados

viram astros reluzentes

pro mundo nasceu a paz

o céu brilhou muito mais

anjos cantaram contentes.

 

Foi o Natal para os pobres

que ganharam o redentor

a Terra recebe o Céu

tod a paz e todo amor

assim nascia o Cristo

esse fato nunca visto

redimia o pecador.

 

Sob o brilho da estrela

a Terra fica inundada  

de amor, perdão e paz

não de festa exagerada

o pobre ganha esperança

Natal da perseverança

e aliança selada.

 

Hoje o nosso Natal

é feito de alegria

vinho, peru, panetone

frutas passas e folia

Papai Noel e presentes

Ceia unindo parentes 

porém tudo fantasia.

 

É o Natal do comércio

de roupas, bolas, comida

cartões, lembretes, presépio

como ponto de partida

se fala feliz Natal

mas a marca principal

parece estar esquecida.

 

As lojas são enfeitadas

pra atração de clientes

se unem muitas famílias

que há tempo vivem ausentes

as empresas de transporte

melhoram também de sorte

aumentando os excedentes.

 

Natal, de ontem e de hoje

deixa em mim um ceticismo

as mudanças de valores

da cultura ao simbolismo

olhando assim se dedus

Ontem Natal de Jesus

hoje: do capitalismo.

 

 

 

 

 




terça-feira, 16 de dezembro de 2014

AS TRÊS NOITES DE ESCURO

(Benildo Nery)

 

Sou lá do século passado
Antes do ano dois mil
Habitante do Brasil
Um solo abençoado
Trago comigo um legado
De um credo bem seguro
Ao ponto de dizer: juro!
Com o maior tom de firmeza
Não haverá luz acesa
Nas três noites de escuro.

O cabra que fala grosso
Pode crer vai falar fino
Quem for metido a granfino
Roerá somente o osso
Não valerá o seu colosso
Ganho em ato obscuro
Do braço pesado e duro
Ele sentirá o peso
Você vai ficar surpreso
Nas três noites de escuro.

Vai ter choro, vai ter grito
Gemidos desesperados
Julgamento dos pecados
Do jeito que está escrito
Cidade, vila, distrito
Fortaleza, cerca, muro
Transformados em munturo
Não darão mais proteção
Vai ser uma danação
Nas três noites de escuro.

Bichos que nunca falaram
Certamente irão falar
Também vão se levantar
Os que tanto rastejaram
Os que sempre apanharam
Cobrarão respeito a juro
Não levarão mais no furo
Quem montou será montado
O mal será condenado
Nas três noites de escuro. 

Lagos, oceanos, mares
Tão quentes fervilharão
Montanhas explodirão
Mandando tudo pros ares
Já as calotas polares
Até então gelo duro
Esteja certo, asseguro
Que serão descongeladas
Terras serão inundadas
Nas três noites de escuro.

A terra vai ser cortada
Por rachaduras, cratera
Nessa hora a “Besta Fera”
Há de ser ressuscitada
Partirá desembestada
Para galgar seu apuro
Cobrando a alto juro
A quem é devedor dela
Vai ter coice na titela
Nas três noites de escuro.

Campos serão devastados
Faltará água e comida
Daqui, dali em partida
Milhões de refugiados
Com sede e fome, largados
Sem presente e sem futuro
Trilhando no inseguro
Deserto do abandono
Ninguém matará o sono
Nas três noites de escuro.

Nações serão assoladas
Pelas mais cruéis doenças
Que recorrerão às crenças
Mas não serão escutadas
Visto que foram encerradas
Num instante prematuro
Em ato frio e duro
As vias da salvação
Vai reinar condenação
Nas três noites de escuro.

Anjos descerão tocando
Suas trombetas douradas
As mãos serão levantadas
E eles arrebatando
É certo estarão ficando
Os que têm coração duro
Cheio de pecado, impuro
Dominado pelo mal
Tem julgamento final
Nas três noites de escuro.

Acredite, não discuta
Está lá nas escrituras
Salvos são as criaturas
Que dão ouvido e escuta
Que de Deus defende a luta
Bem firme, forte e seguro
De coração limpo e puro
Que verá não ser eclipse
Mas sim o Apocalipse
As três noites de escuro.


sábado, 13 de dezembro de 2014

PAPO PITORESCO

(Kynheo Ferreira)

 

Encontrei com Zé Matuto

amigo de Gonzagão

foi legal e discussão

o velhinho meio bruto

falava estar de luto

que nunca vai acabar

Gonzaga não vai voltar

mas era cabra astuto.

 

Perguntei pra ele então 

você aprendeu tocar?

disse ele fabricar

berimbau e violão

eu fazia foguetão

e digo nesse momento

quem fabrica instrumento

né preciso tocar não.

 

Se chama chama zabumbeteiro

o cabra que faz zabumba

o nego que dança rumba

é chamado de rumbeiro

eu cahamo de foleteiro

o sujeito que faz fole

dançar tango não é mole

é negócio de tangueiro.

 

Quem faz pífano  o que é?

ele disse é pifador!

Pandeiro? Panderador!

Você pode botar fé

quem faz teclado seu Zé?

esse é tecladeteiro

sanfonista é sanfoneiro

é coisa boa Mané.

 

Triângulo quem é que faz?

Me falou trianguetista

quem dança mambo é mambista

e ainda digo mais

eu conheci um rapaz

que era rabecador

fez rabeca sim senhor

lá na casa dos meus pais.

 

O caboco que faz gaita

é o puro gaitador

piano? Pianador

mas tem tocador que é baita

já vi uma tal de Kaita

que tocava vialejo

quase me mata de beijo

eita mulata peraita.


Conversamos um bocado

sobre as coisas do Brasil

me falou de Clodovil

naquele tempo passado

quando um abestalhado

escreveu pra perguntar

se o atraso ia passar

passou: estar conformado.

 

 

 

 



terça-feira, 9 de dezembro de 2014

ARENGA COM SEU MANÉ

(Benildo Nery)


Nunca gostei de arenga
Cum home nem cum muié
Mai num é que Seu Mané
Cabra véi todo capenga
Vei c’uma cara de quenga
Chei de quizila pra mim
Dixe assim desse jeitim:
- Você é um sem futuro
Mijô no pé do meu muro
Ao sair do butiquim!

Num teno cuipa em cartoro
Continuei em linha reta
Cum a cabeça bem ereta
Sem ligá pro falatoro
Quando intão Isidoro
Meu cumpade de cachaça
Me alertô achano graça
O véio fala cuntigo
Vai aguentá meu amigo?
Mostra logo a tua raça!

E eu cuma já estava
Com os corno chei de cana
Agi todim um sacana
Ao vê que de mim tratava
O que o véio falava
Gritei ligero e vorai
Quem mijô foi Satanai
Seu babaca retardado
Se sô eu tinha cagado
Home sustenta o que fai!

Me respeite meu amigo
Tenha mai prucidimento
Num diga que sô nojento
Num aja assim cumigo
Nunca temi a castigo
Bebo proquê sei bebê
Digo um negoço a você
Sua idade avançada
O livrô das burduada
Poi eu num vô le batê!

Mai o sinhô bem merece
Uns tapa no pé d’uvido
Agi feito um atrivido
Aí cheim de istresse
Esse home aqui num carece
Desse home aí pra nada
Nem vive de presepada
Bebe só pro divessão
Fique frio meu patrão
Dexe dessa paiaçada!

Aí Seu Mané mudô
Sua fisionomia
Seu grito longe se uvia:
- Iscute aqui meu sinhô
Num respeito nem dotô
E nem as auturidade
Que dirá uma metade
De titica de cachorro
Cabra que num vale um “Zorro”
Bandido sem qualidade!

Respeito ixijo eu
Seu cafajeste sacana
Vai inchê o cu de cana
Pra dispoi vim zombar deu
Dobre a língua, infie o seu
Rabinho no mei das perna
Moro nessa casa derna
Isso aqui nem rua era
Hoje vem um besta fera
Na minha casa e me inferna!

Vê se me fai um favô
Se suma da minha frente
Senão eu le quebro os dente
De pau se preciso fô
Um velhinho eu já sô
Mai ainda honro os cacho
Vá simbora ô le esculacho
Num ligo a idade que tenha
Qué vê eu metê-le a lenha
Pra mostrá cuma sô macho?!

E garrôsse de um porrete
Que tinha detrai da porta
Vi-me uma pessoa morta
Ao vê aquele cacete
Dei de mão do capacete
Que Isidoro levava
Quando dei fé já istava
Sintino o peso do toro
Fei carrera Isidoro
Que nem bala le pegava.

E Seu Mané só mandano
Porrada de todo lado
Eu tão bebo, tão melado
Para trai ia pulano
Foi quano entrô um fulano
Bem no mei da confusão:
- Seu Mané faça isso não!
Ele já está rendido
Já deve tê aprendido
Essa pequena lição!

Aí Seu Mané parô
Com aquela pancadaria
Nesse istante eu num sintia
Nada mai além de dô
Inda bem que ele iscutô
O pedido do fulano
Mermo assim ficô falano
Bem arto p’reu iscutá:
-Vá simbora agora vá
Vorte pro qui com cem ano!

Num passe aqui de pé,
De bicicreta nem moto
Sinão os cachorro eu sorto
Isteja com quem tivé!
Tô dizendo e dô fé
Nunca aguentei insurto
Basta eu só vê seu vurto
Que istarei prerparado
Pra dexá-lo assim quebrado
Cum esse meu porrete curto!

Daí eu me levantei
Saí todo trabecano
No caminho fui pensano
No que danado arrumei
Isidoro procurei
Busquei uma expricação
Preguntei quá a razão
Dele tê me abandonado
Na increnca tê me jogado
E fugi sem direção.

Ele vei c’umas cunvessa
Que em nada me agradô
Mai de lá pra cá mudô
A minha vida azavessa
Hoje num entro mai nessa
De tumá cana em buteco
E nem de sê mai buneco
De amigo increquero
Nem gasto mai meu dinhero
Secano e incheno caneco!
 



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