domingo, 3 de novembro de 2013

MINHA RUA SÃO VICENTE

Autor: Benildo Nery


Eu nasci na cidade de Montanhas
No Estado do Rio Grande do norte
Potiguar nordestino, um cabra forte
E dotado de algumas artimanhas
Saudosista que sou farei campanhas
Pra deixar sempre viva na memória
Nossa vida e a nossa trajetória
Pois entendo é assim que tem que ser
Para acesa essa chama então manter
E escrever nossa valente história.

Me criei lá na Rua São Vicente
Mais pra lá da tal porteira da Lapa
Desde quando não aguentava um tapa
Até quando era quase adolescente
Muitas coisas vivi e guardo na mente
Outras mais o tempo se encarregou
De deixar no passado e lá guardou
Como joia, um tesouro escondido
Para ser pouco a pouco extraído
Abrir esse baú agora eu vou.

O meu pai Pedro Firmino Moreira
Minha mãe a linda Dona Ivonete
Um casal que um banho de confete
Eu daria a minha vida inteira
Ela era uma grande costureira
Ele era um grande construtor
E também na função de agricultor
Batalharam, criaram todos seus
Nove filhos com a ajuda de Deus
Com carinho, apreço e muito amor.

Nossa casa era uma das menores
Das mais simples de toda vizinhança
Tenho claro aqui na minha lembrança
Bem em frente tinha uma das maiores
De Joel “preto” que ali nos arredores
Tinha a fama de ser cabra endinheirado
E era mesmo já que era aposentado
Pela empresa de trem a tal REFESA
Homem bom desses que o outro presa
Quando trata e também é bem tratado.

E do lado direito quem morava
Era a Dona Saudosa Rita Elias
Uma senhora de muitas regalias
E que toda vizinhança adorava
Como dela eu pouco me lembrava
Perguntei sobre ela aos meus pais
O que ouvi deles eu gostei demais
Vizinhança igual hoje é coisa rara
Só tomara meu Deus, meu Deus tomara
Que dona Rita Elias descanse em paz.

Como toda família pobre a gente
Muitas vezes não tinha o que comer
Era hora então de recorrer
Ao vizinho, o mais benevolente
Então esse vizinho lá da frente
Era sempre um dos mais requisitado
O meu pai lhe pedia emprestado
Uns trocados e logo ia comprar
Alimento pra nos alimentar
Pra ficar com o bucho bem forrado.

E a Dona “Cicia” à direita
Completava o círculo vizinhal
Para nós existia um só quintal
Onde todos querendo se ajeita
Muitas vezes quando a comida feita
Nos chamava e nós íamos  comer
Era feita uma mãe só ver pra crer
Dela recordo com grande carinho
Se falhou conosco foi só um pouquinho
Se falhou conosco não foi por querer.

São Vicente era uma rua pacata
Diversão porem lá nunca faltava
Tinha o Zé de Dico que tocava
Na sanfona foi sempre um diplomata
Tinha a “Pé de Ouro e a “Pé de Prata”
Que eram as “Pé de Valsa” do lugar
Tinha festa também para rezar
A festança da Santa Terezinha
Quando a gente formava uma turminha
Pra vareta de fogos ir buscar.

Tinha a festa de Cosme e Damião
Dona Dico Lelê é quem fazia
Para nós um momento de magia
Uma grande e pura diversão
Tinha balas e doces de montão
Que eram dados pra toda a criançada
E depois toda aquela meninada
Com seus pais voltavam para o seu lar
E passavam um ano a esperar
Em setembro a data mais esperada.

Em Luiz de Joel o João Redondo
Vez em quando era a nossa diversão
“Laro Doido” fazia exibição
Era sempre seu show grande estrondo
Quando todos seu truques ia expondo:
 - O “Atita Maueta” vai beber
Um copo de veneno e não morrer;
E também engolir metros de fita.
Traga os tamboretes pro “Atita”
Todos eles no dente suspender.

Lá em Neco do Rego o Boi de Reis
Era outra nobre manifestação
Vinha gente do toda a região
Gente simples também algum burguês
Dessa arte até hoje sou freguês
Pois com ela aprendi valorizar
A riqueza, a cultura do lugar
Tudo aquilo que é vindo do povo
Aproveito para dizer de novo
Vamos nossa cultura preservar.

Também a cantoria de viola
Tinha lá nas festanças dessa rua
Essa arte até hoje em mim atua
Funciona assim tal como escola
Desde quando era ainda criançola
Que eu ouvia e lia o cordel
Via no violeiro o menestrel
Musicando romances, aventuras
Criador e também as criaturas
Coisas más e também as lá do céu.

Muita coisa ainda tenho pra contar
Mas me falha um pouco a lembrança
Além do mais eu só era uma criança
Então peço pra essa falha descontar
Mas prometo que vou me concentrar
E puxar muito mais da minha mente
Contarei pra você mais lá na frente
Pois agora eu tenho que me conter
Me disperso no entanto a dizer:
Que saudade da Rua São Vicente.





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